A indicação do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) criou um impasse para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dois meses após receber mais de 15 sugestões para a cadeira de Ricardo Lewandowski, que vai se aposentar no STF em maio, Lula avalia agora apenas dois nomes: os advogados Cristiano Zanin e Manoel Carlos de Almeida Neto.
Defensor de Lula na Lava Jato, Zanin desfruta da amizade e confiança do presidente. Almeida Neto, por sua vez, é o candidato favorito de Lewandowski. Foi assessor do ministro no Supremo e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde atuou como secretário-geral da presidência. Atualmente, é diretor jurídico da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
Interlocutores de Lula dizem que, para prestigiar Lewandowski – considerado pelo petista o mais leal ministro que indicou -, ele tende a escolher agora Almeida Neto e esperar a "poeira baixar" para voltar com o nome de Zanin. Em outubro, quando a presidente do STF, Rosa Weber, vai deixar a Corte, Lula terá direito a nomear outro ministro. Lewandowski e Rosa vão se aposentar compulsoriamente por idade, aos 75 anos.
No mês passado, Almeida Neto jantou com Lula, Lewandowski e com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que também o apoia. O advogado teve o magistrado como orientador de sua tese de doutorado em Direito do Estado, na USP. Conta, ainda, com a adesão de uma ala do Prerrogativas, grupo de advogados ligados ao PT.
<b>SABATINA</b>
Indicações para o STF têm de ser aprovadas no Senado e Lula teme que a falta de apoio a Zanin dê munição a bolsonaristas para um movimento contra ele. O Planalto tem desafetos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), como o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato.
Lula tem demonstrado contrariedade com pressões de todos os lados, principalmente por parte do PT, que defende a escolha de uma mulher, de preferência negra. "Vou indicar quem eu quiser", diz o presidente, quando questionado.
Em mais de uma ocasião, Lula já afirmou que Zanin poderá ocupar "uma das duas vagas" na Corte. Desde então, o advogado tem sido alvo de ataques e adversários veem impedimento ético na nomeação por causa das relações entre ele e o presidente.
O rompimento com o sogro, Roberto Teixeira – compadre de Lula há 40 anos -, também tem sido explorado. Em agosto de 2022, os dois desfizeram a sociedade no escritório Teixeira Zanin Martins Advogados.
Teixeira já se queixou de Zanin para Lula e vê com simpatia o nome de Pedro Serrano para o STF. Sob a condição de anonimato, três advogados disseram ao Estadão que o compadre de Lula afirmou só não expor tudo o que sabe contra o genro para não constranger o presidente.
Segundo esses relatos, Teixeira observou que, se contasse, Zanin não seria escalado nem para reserva de time da segunda divisão. Teixeira faz campanha contra Zanin, com quem está rompido. Procurados, nenhum dos dois se manifestou.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>