O dólar iniciou o dia em alta frente o real, acompanhando a tendência de valorização da moeda americana no exterior e em meio a o fortalecimento dos retornos dos Treasuries. A moeda dos EUA, porém, inverteu o sinal para baixo no mercado à vista. Às vésperas da definição da última Ptax de janeiro, na segunda-feira, investidores já podem estar antecipando as rolagens de contratos cambiais nesta sexta-feira e pode haver pressão de vendidos (apostaram na queda do dólar), disse um operador.
O fluxo cambial é monitorado pelos investidores também, após ter contribuído para a queda do dólar ante o real de mais de 2,5% acumulada em janeiro. No radar dos estrangeiros está a perspectiva de alta da Selic de 150 PB na reunião de fevereiro do Copom, na próxima semana (dias 1º e 2/2) e continuidade do aperto monetário nos meses seguintes, além da busca de ações atrativas na Bolsa. Os players não residentes estariam aproveitando para fazer carry-trade com o real antes do início da alta de juros nos EUA, prevista para março.
Os investidores locais repercutem a queda da taxa de taxa de desemprego a 11,6% no trimestre até novembro de 2021, que veio em linha com a mediana das projeções do mercado ouvidos pelo <i>Projeções Broadcast</i>, cujo intervalo ia de 11,4% e 12,0%. Em igual período de 2020, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 14,4%. No trimestre até outubro, a taxa de desocupação ficou em 12,1%.
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.444,00 no trimestre encerrado em novembro. O resultado representa queda de 11,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 277 bilhões no trimestre até novembro, queda de 2,6% ante igual período do ano anterior. O IBGE informou ainda que país tem 5,037 milhões de informais a mais em um ano.
Pode estar ajudando no alívio também o possível veto do presidente Jair Bolsonaro à PEC dos Combustíveis, porque a proposta burlaria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), segundo especialistas, ao autorizar isenção de PIS/Cofins sobre gasolina, diesel e energia elétrica sem prever contrapartidas de receitas para compensar a perda de arrecadação. A possível desistência de Bolsonaro agrada pelo lado fiscal, porque o impacto estimado de perda de arrecadação com a isenção desses tributos federais é muito grande em relação ao benefício estimado no preço da gasolina, diesel e da conta de luz.
O <i>Broadcast/Estadão</i> já havia apurado que se a proposta fosse em frente, o impacto aos cofres públicos seria entre R$ 50 bilhões, se considerada apenas a isenção dos combustíveis, e R$ 57 bilhões, caso se estendesse à energia. Já o impacto para o consumidor, no entanto, seria pequeno: redução entre R$ 0,18 e R$ 0,20 no preço do litro do combustível. Revoltados com a pressão de Bolsonaro para que os Estados também zerassem o ICMS sobre combustíveis e energia, os governadores se adiantaram e confirmaram ontem estender o congelamento do ICMS sobre combustíveis por mais 60 dias – até o fim de março.
Mais cedo, o IGP-M de janeiro embora tenha acelerado na margem, veio abaixo da mediana estimada, ajudando ainda no enfraquecimento dos juros futuros. A agenda de hoje traz ainda a inflação ao consumidor dos Estados Unidos medida pelo índice PCE (10h30) e o resultado primário do Governo Central (14h30). Por enquanto, no exterior, os juros dos Treasuries e o dólar seguem em alta.
No radar também está o depoimento do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal do Distrito Federal esperado para hoje, às 14h. Bolsonaro foi intimado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O presidente é investigado sobre um suposto vazamento de inquérito sigiloso da PF durante uma live nas redes sociais no ano passado.
Às 9h39 desta sexta-feira, o dólar à vista caía 0,25%, a R$ 5,4104. O dólar futuro para fevereiro tinha viés de alta de 0,02%, a 5,4115.