Estadão

Dólar cai 0,07% e fecha a R$ 5,2030 com PEC da Transição no radar

Após a queda de 1,93% ontem, em meio à redução dos prêmios de risco diante da costura política para redução do prazo da PEC da Transição de um para dois anos, o dólar apresentou oscilações mais modestas ao longo da sessão desta quarta-feira, 21. A divisa até ensaiou uma queda mais firme nas primeiras horas de negócios, quando registrou mínima a R$ 5,1601, com relatos de entrada de fluxo financeiro e comercial. Mas a febre vendedora amainou em seguida e, após passar a tarde rodando entre R$ 5,19 e R$ 5,20, a moeda encerrou o dia em ligeira baixa (-0,07%), cotada a R$ 5,2030 – menor valor de fechamento desde 1º de dezembro (R$ 5,1971).

Segundo operadores, depois do forte desmonte de posições defensivas no mercado de câmbio futuro por estrangeiros e fundos locais ontem, investidores preferiram adotar uma postura mais cautelosa à espera do fim da tramitação da PEC da Transição.

"O dólar ficou rodando à tarde perto de R$ 5,20, esperando que a Câmara confirme a redução do prazo de validade da PEC para um ano", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que uma PEC mais enxuta que o texto original abriu espaço para redução dos prêmios de risco.

À tarde, a Câmara dos Deputados retomou a votação da PEC dos Transição, aprovada ontem em primeiro turno. Houve rejeição ao destaque do Partido Novo que propunha que a âncora fiscal fosse inscrita na Constituição. Permaneceu a versão prevendo que o governo envie até agosto de 2023 um projeto de lei complementar com nova regra para a área fiscal. Com o pregão já fechado, a Câmara aprovou o texto-base da PEC em segundo turno, com 331 votos a favor e 163 contra. A proposta segue agora para o Senado.

"O mercado está esperando alguma coisa nova para voltar a se mexer. Ontem, teve um grande fluxo estrangeiro bem especulativo que pode sair na próxima semana, quando haverá mais remessas de fim de ano para o exterior", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão. "Em janeiro, com aprovação final da PEC e sem a pressão das remessas, o estrangeiro pode voltar. O dólar pode bater os R$ 5,10 no começo do ano que vem".

A pressão de saída de recursos típica de fim de ano já foi detectada nos dados do fluxo cambial na semana passada (de 12 a 16), divulgados hoje pelo Banco Central. O saldo foi negativo em US$ 2,901 bilhões no período, graças a saída de US$ 2,943 bilhões pelo canal financeiro. Houve entrada de US$ 43 milhões via comércio exterior nesse período.

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