Estadão

Dólar cai 0,35% com exterior e declarações de Padilha sobre arcabouço fiscal

Após uma manhã marcada por trocas de sinal, o dólar à vista se firmou em baixa ao longo da tarde desta segunda, 24, no mercado doméstico, em meio ao aprofundamento das perdas da moeda americana no exterior, sobretudo em relação a divisas fortes, e a declarações do ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Alexandre Padilha, descartando possibilidade de atraso na tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso.

Com oscilação de menos de cinco centavos entre a máxima (R$ 5,0859), pela manhã, e a mínima (R$ 5,0381), o dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 24, cotado a R$ 5,0409, em queda de 0,35%, em leve ajuste de baixa após ter encerrado a semana passada, mais curta em razão do feriado de Tiradentes na sexta-feira, com valorização de 2,92%. No mês, a moeda apresenta perda de 0,55%.

Operadores ressaltam que a liquidez foi reduzida, o que deixou a formação da taxa de câmbio mais suscetível a movimentos pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para maio apresentou giro de pouco mais de US$ 10 bilhões. Investidores teriam evitado montagem de posições mais expressivas diante da agenda carregada de indicadores e eventos relevantes tanto aqui quanto no exterior.

"Devemos continuar com essa baixa liquidez, com o investidor estrangeiro retraído, porque ainda há muita indefinição sobre a questão fiscal. Existem dúvidas sobre o arcabouço e pode haver atraso na agenda de votação no Congresso com a CPI, o que gera insegurança", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni.

Padilha disse hoje à tarde que eventual instalação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro não deve atrapalhar o andamento da agenda econômica do governo no Congresso, com votação do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados prometido para meados de maio. O ministro elogiou a escolha do deputado Cláudio Cajado (PP-BA) como relator da proposta. A perspectiva é que o requerimento para instalação da CPMI seja lido na quarta-feira, 26.

É grande a expectativa pela presença amanhã, 25, do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Na quarta-feira, sai o IPCA 15 de abril. Em Portugal, Lula voltou a criticar a gestão da política monetária ao dizer que o "Brasil tem um problema que é a taxa de juros muito alta", que desestimula investimentos e impede o consumo.

"O real terminou a semana passada depreciado, voltando ao patamar de R$ 5,00, e deve seguir suscetível, sobretudo, ao noticiário político. Não são só aguardadas novas sinalizações econômicas, como também uma redução dos ruídos políticos", afirma, em relatório, a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico.

No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – trabalhou em baixa firme, com mínima na casa dos 101,300 pontos, com perdas fortes frente ao euro, na esteira de falas duras de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE).

A agenda de indicadores americanos desta semana traz a divulgação da primeira leitura do PIB dos EUA no primeiro trimestre e o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida pelo Federal Reserve, cujos dirigentes já estão no chamado período de silêncio. A reunião de política monetária do BC dos EUA ocorre nos dias 3 e 4 de maio.

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