Após abrir os negócios em alta e correr até R$ 4,96, o dólar à vista começou a perder força no fim da manhã e se firmou em baixa no início da tarde, em meio ao enfraquecimento da moeda americana no exterior e o recuo das taxas dos Treasuries. Com mínima a R$ 4,9126, a moeda encerrou o dia em queda de 0,44%, cotada a R$ 4,9156. O real apresentou o melhor desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, seguido de perto por seu principal par, o peso mexicano.
Sem surpresas no comunicado de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom) – que cortou a Selic em 0,50 ponto, para 11,25%, e manteve a perspectiva de novas reduções de igual magnitude em suas próximas reuniões -, os negócios no mercado de câmbio doméstico foram mais uma vez guiados pelo comportamento dos ativos no exterior.
Um dia após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, praticamente descartar a probabilidade de início de corte de juros em março, ressurgiram preocupações com a saúde financeira de bancos regionais americanos. Papéis do New York Community Bancorp (NYCB), que reportou ontem prejuízo inesperado em 2023, caíram mais de dois dígitos, contaminando as ações do setor bancário. Teme-se que bancos tenham perdas expressivas com a exposição ao setor imobiliário americano, que sofre com as taxas de juros restritivas.
Ontem, como esperado, o Fed anunciou manutenção da taxa de juros na faixa entre 5,25% e 5,50%. Embora reconheça progressos no combate à inflação, o BC americano pontuou que a economia dos EUA cresce em ritmo sólido e que ainda precisa ter mais confiança no processo de desinflação para começar a reduzir os juros.
O comunicado do Fed e, em especial, as palavras de Powell esfriaram parte das apostas em redução da taxa básica ainda no primeiro trimestre, com as chances majoritárias de corte inicial passando para maio. Apesar disso, parte do mercado ainda mantém suas fichas em março como mês inicial do ciclo de baixa dos juros.
O economista-chefe do Banco Fibra, Marco Maciel, afirma que, apesar de a fala de Powell ter deslocado a perspectiva de redução dos Fed Funds para maio, o mercado de juros americano reflete perspectiva de taxa básica em 3,75% no fim deste ano – com a taxa da T-note de 2 anos perto de 4,20%. "No futuro próximo, os resultados mais prováveis da expectativa menos conservadora embutida na curva de juros de dois anos dos EUA são a valorização das bolsas globalmente, a apreciação da cesta de moedas desenvolvidas e emergentes em relação ao dólar e o concomitante fortalecimento do real rumo a R$ 4,85", afirma Maciel, que vê taxa de câmbio entre R$ 4,85 e R$ 4,90 no curto prazo.
Leituras de índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) relativos a dezembro, divulgados hoje de manhã, vieram acima das estimativas de analistas, mostrando resiliência da economia americana. Já os números de pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram mais do que o esperado. As atenções se voltam agora para a divulgação, amanhã, do relatório oficial de emprego (payroll) referente a janeiro.
Por aqui, o Banco Central informou, à tarde, que o fluxo cambial foi positivo em US$ 1,509 bilhão na semana passada (entre 22 a 26 de janeiro), em razão, sobretudo, da entrada líquida de US$ 1,364 bilhão pelo canal financeiro. Em janeiro, até o dia 26, o saldo foi positivo em US$ 6,355 bilhões, com aportes líquidos de US$ 3,766 bilhões via canal financeiro e de US$ 2,589 bilhões pelo comércio exterior. Em dezembro, houve saída líquida total de US$ 12,997 bilhões.