Estadão

Dólar cai 1,31% com fraqueza externa da moeda americana e commodities

Após três pregões consecutivos de alta, em que acumulou valorização de 1,69% e voltou a se situar acima de R$ 5,00, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 1º de junho, em baixa de 1,31%, cotado a R$ 5,0064. Houve oscilação de pouco mais de cinco centavos entre máxima (R$ 5,0582), logo após a abertura, e mínima (R$ 5,0058), à tarde.

Segundo operadores, houve um movimento de ajuste de posições e realização de lucros induzido pela perda de força da moeda americana no exterior e pela recuperação dos preços das commodities metálicas e agrícolas, além do petróleo. O avanço acima do esperado do PIB brasileiro no primeiro trimestre, embora calcado no forte desempenho do setor agropecuário, deu fôlego extra ao Ibovespa e, por tabela, ao real.

"Ontem, foi um dia de muita pressão, com a disputa pela última ptax do mês e dados negativos da China que castigaram moedas de exportadores, além de apostas em alta dos juros nos EUA. Hoje, estamos vendo um quadro bem diferente. É um dia de alívio e correção", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, que vê a moeda rodando na faixa de R$ 4,90 a R$ 5,10 no curto prazo.

Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY voltou a trabalhar abaixo dos 104 mil pontos, com mínima inferior aos 103,500 pontos à tarde. Além da aprovação do projeto que suspende o teto da dívida dos EUA dois anos na Câmara dos Representantes, indicadores americanos divulgados pela manhã reforçaram a perspectiva de pausa no aperto monetário neste mês. Houve até aumento das estimativas de queda dos juros no fim do ano.

Índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) global e industrial americanos apresentaram recuo maior do que o esperado em maio, com leituras abaixo de 50, que indicam contração da atividade. Na outra ponta, o relatório ADP revelou geração de 278 mil empregos em maio, superando as expectativas (162 mil). Investidores aguardam a divulgação, amanhã, do relatório de emprego (payroll) para calibrar as apostas para a reunião do Federal Reserve (dias 13 e 14).

"A aprovação do teto da dívida americana na Câmara, com perspectiva de tramitação breve no Senado, trouxe alívio. E os dados americanos que vieram hoje parecem ajudar o Fed, levando os mercados a apostarem em manutenção dos juros. Vamos ver se o payroll amanhã valida essa expectativa", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

O dólar também caiu em relação à maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O real, que nos últimos pregões de maio apanhou mais que seus pares, hoje apresentou o segundo melhor desempenho entre moedas latino-americanas, atrás apenas do peso colombiano. Após uma série de dados ruins da China, o mercado comemorou a alta do PMI industrial chinês em maio (medido pela S&PGlobal/Caixin), embora ainda haja dúvidas sobre o fôlego da segunda maior economia do mundo.

Por aqui, o IBGE informou pela manhã que o PIB subiu 1,9% no primeiro trimestre em relação ao quarto, acima da mediana das estimativas de Projeções Broadcast (1,2%). Na comparação com igual período de 2022, houve expansão de 4%. Esses números levaram diversos bancos a revisar para cima a expectativa para crescimento da economia brasileira neste ano. Amparado pelo desempenho do setor agropecuário, o avanço do PIB não compromete a perspectiva de redução da taxa Selic em agosto ou setembro. A leitura é que poderá haver arrefecimento da inflação, uma vez que a demanda mostra sinais de desaceleração e há aumento da oferta agrícola.

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