O dólar à vista recuou 0,46% em relação ao real nesta quarta-feira, 26, a R$ 4,7282 – a nova mínima do ano no fechamento e o menor nível desde 20 de abril de 2022 (R$ 4,6204). A queda refletiu o otimismo do mercado com a perspectiva de que o aumento de 25 pontos-base nos juros americanos anunciado hoje tenha marcado o fim do ciclo de aperto, além da melhora do rating brasileiro pela Fitch, de BB- para BB.
Essa combinação de fatores manteve a moeda americana em queda em relação ao real ao longo de quase todo o pregão, exceto por uma leve alta no início da sessão, quando tocou a máxima de R$ 4,7554 (+0,07%). Na mínima, recuou até R$ 4,7230 (-0,57%).
A melhora do rating brasileiro pela manhã firmou a divisa americana em queda ante o real, mas foi na etapa vespertina do pregão que o movimento se aprofundou, após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Em linha com o esperado pelo mercado, o banco central americano aumentou os juros em 25 pontos-base, à faixa de 5,25%-5,50%, e não sinalizou um novo aumento iminente nas taxas.
Na coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, optou por não descartar, mas também não cravar, a chance de uma nova alta de juros em setembro – o que animou a ala do mercado que acredita que o aumento de juros hoje tenha marcado o fim do ciclo de aperto. Powell afirmou que as próximas decisões vão depender de dados e considerou que elevar os juros até que a inflação volte à meta seria uma "estratégia errada."
"Ele não traçou um viés de alta, só falou que iria analisar os dados. E, só de não traçar um viés, o mercado entende que não haverá mais subidas de juros, tanto que isso causou uma queda do dólar contra outras moedas fortes", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, lembrando da baixa de 0,33% anotada pelo índice DXY nesta quarta-feira, a 101,015 pontos.
Para o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a decisão do Fed acabou servindo como um "não-evento" na sessão, uma vez que a alta de 25 pontos-base ficou em linha com o esperado e que as declarações de Powell deram poucas pistas sobre o futuro da política monetária. Isso, combinado à melhora do rating brasileiro, abriu espaço para valorização do real.
"A verdade é que, sem notícias ruins da economia internacional, a tendência é de vermos o dólar escorregando até um nível perto de R$ 4,70", diz Weigt. Para o especialista, a melhora do rating brasileiro pela Fitch pode ter um efeito positivo para os ativos brasileiros, embora ele deva ser limitado, uma vez que o País continua distante do grau de investimento, que é mais atrativo para investidores institucionais.
Velloni, da Frente, afirma que o aumento da nota de crédito soberano do País pode resultar na atração de mais investimentos estrangeiros. Para o analista, o mais provável é que o dólar se mantenha em torno de R$ 4,75 enquanto o mercado aguarda não apenas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da próxima quarta-feira, 2, mas também a retomada da agenda legislativa a partir de 1º de agosto.