Estadão

Dólar cai a R$ 4,8180 após dados de inflação mais fracos nos EUA

O dólar à vista caiu 0,90% em relação ao real nesta quarta-feira, 12, a R$ 4,8180, embalado pelo enfraquecimento global da divisa americana após a inflação dos Estados Unidos ficar abaixo do esperado em junho. O dado renovou a expectativa de que o Federal Reserve (Fed) pare de elevar os juros após a esperada alta de 0,25 ponto porcentual na sua próxima reunião, no dia 26, e inicie o ciclo de cortes de juros antes do previsto anteriormente.

O resultado foi de queda sustentada do índice DXY – que mede o desempenho da moeda contra uma cesta de seis pares fortes – durante a sessão, até a mínima de 100,511 pontos, no menor nível intradia desde abril de 2022. A divisa americana também anotou perdas em relação a moedas emergentes, como o peso mexicano (-0,92%), e de exportadores de commodities, como o dólar australiano (-1,50%).

Esse cenário manteve o dólar em queda ante o real durante toda a sessão, entre máxima de R$ 4,8611 (-0,01%) – atingida minutos antes da divulgação do índice de preços ao consumidor americano (CPI) – e a mínima de R$ 4,7851 (-1,57%), vista no fim da manhã, em meio à repercussão dos dados. À tarde, o ritmo de baixa se firmou abaixo de 1%, em meio a relatos de fluxo comprador de importadores.

"O movimento de queda refletiu o CPI abaixo do esperado, que deu uma batida forte no dólar de manhã por fortalecer a aposta de que o Fed só vai aumentar os juros uma vez, em 0,25 ponto, e depois manter a taxa", diz o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha. "Vendo o dólar cair a esse nível, o importador começa a ver oportunidade de comprar para fechar suas operações", completa, falando sobre o movimento vespertino.

O CPI americano avançou 0,2% em junho ante maio, abaixo do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (0,3%), enquanto o núcleo do índice avançou 0,2% – também menos do que o previsto (0,3%). Como resultado, a maior parte do mercado (40,4%) espera que o Fed promova um corte de 25 pontos-base nos juros americanos já em março de 2024, após elevá-los à faixa de 5,25%-5,50% este mês, segundo o CME Group.

Para o especialista de câmbio da Manchester Investimentos Thiago Avallone, o desempenho do real nesta quarta-feira refletiu a combinação de expectativa de um diferencial de juros ainda atrativo para o Brasil, melhora do ambiente doméstico com o avanço da reforma tributária e fatores técnicos positivos, a exemplo dos superávits comerciais anotados pelo País ao longo dos últimos meses.

Dados preliminares do Banco Central divulgados nesta quarta-feira mostram entrada líquida de US$ 706 milhões no País de 1º a 7 de julho e de US$ 2,890 bilhões em junho. Na primeira semana deste mês, o canal financeiro mostrou saída líquida de US$ 1,644 bilhão e o canal comercial, entrada de US$ 2,350 bilhões. O fluxo cambial total em 2023, até a última sexta-feira, é positivo em US$ 15,756 bilhões.

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