O dólar à vista caiu 0,40% ante o real, a R$ 5,1810. Foi a segunda baixa consecutiva da moeda americana no fechamento, após queda de 1,06% nesta terça, 10. Na quarta, 11, a divisa brasileira acompanhou a valorização dos pares emergentes, em um dia de fortalecimento das commodities no mercado internacional. A melhora da percepção de risco político e fiscal no Brasil após os atos golpistas do último domingo, 8, sustenta a retirada dos prêmios sobre os ativos brasileiros.
Em meio a declarações da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), em defesa da responsabilidade fiscal, a moeda americana chegou a tocar a mínima de R$ 5,1632 (-0,75%), a menor taxa intradia desde 26 de dezembro (R$ 5,1570). Durante o anúncio de secretários da pasta, Tebet afirmou que tanto ela quanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), serão "rigorosos sobre como gastar". Investidores esperam que o ex-prefeito de São Paulo anuncie esta semana o seu plano de ajuste fiscal.
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, afirma que a resposta dos Poderes aos atos golpistas do último domingo, o repúdio generalizado das principais lideranças políticas ao movimento e a expectativa pelo anúncio das medidas econômicas do governo reduziram o risco fiscal e político. "Essa melhora de percepção abriu espaço para o nosso mercado se reconectar à dinâmica externa, em um ambiente global que é muito construtivo para o Brasil", afirma.
Nesse cenário, o real acompanhou as principais moedas emergentes, que apreciaram durante o dia com a valorização das commodities no mercado internacional, ainda devido à reabertura da economia chinesa. O petróleo fechou o dia em alta, com aumentos de 3,05% no futuro do WTI para fevereiro, a US$ 77,41 o barril, e de 3,21% no contrato do Brent para março, a US$ 82,67 o barril. Às 18h06, o dólar cedia 0,69% ante o peso mexicano, caía 0,39% em relação ao peso chileno e perdia 0,38% ante o rande da África do Sul.
Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, o aumento dos preços de commodities e a melhora do noticiário político explicam o fortalecimento do real hoje, em um dia de agenda de indicadores fraca. O fluxo cambial reportado pelo Banco Central – negativo em US$ 977 milhões até 6 de janeiro – não foi suficiente para enfraquecer o real, diante da percepção de baixo impacto dos protestos do último domingo sobre o apetite dos investidores estrangeiros, afirma.
"O fluxo cambial não é bom, mas o estrangeiro continua entrando na B3, que era o termômetro para ver o quanto pesaram os atos do domingo", explica o operador. Hoje, a Bolsa brasileira divulgou ingresso de R$ 400,392 milhões em capital estrangeiro na segunda-feira, 9.
O dólar operou em torno da estabilidade globalmente, enquanto os mercados aguardam a divulgação dos dados de inflação (CPI) dos Estados Unidos amanhã para calibrar as expectativas de desaceleração do aperto monetário no país.