Estadão

Dólar cai a R$ 5,25 com Fitch e superávit primário forte do governo

O dólar aumentou o ritmo de queda ante o real na tarde desta quinta-feira, ajudado pela decisão da Fitch de manter o rating soberano do Brasil e o forte superávit primário do governo em abril, que traz algum alívio sobre a situação fiscal de curto prazo do País. Com isso, o real teve o melhor desempenho internacional nesta quinta-feira, considerando uma cesta das 34 moedas mais líquidas, testando as mínimas em 10 dias, na casa dos R$ 5,25.

A moeda americana chegou a bater na máxima de R$ 5,31 pela manhã, mas engatou queda com operadores reportando fluxo externo e acabou fechando em queda de 1,09%, a R$ 5,2553. No mercado futuro, o dólar para junho, que vence na segunda-feira, 31, feriado nos Estados Unidos, cedia 1,32% às 17h45, a R$ 5,2450.

O momento é de "otimismo cauteloso" com o Brasil, avalia a consultoria inglesa TS Lombard. Seus analistas veem atividade mais forte do que se previa anteriormente e reformas andando no Congresso, com chance real de aprovação.

Na atividade, nesta quinta o Itaú elevou a previsão para o crescimento do Brasil de 4% para 5% este ano. O banco vê risco de recrudescimento da pandemia, fator que tem se mantido no radar do mercado, mas a avaliação é que o impacto na economia seria mais moderado.

"Estamos com perspectiva de momento melhor, com viés mais positivo", afirma um diretor de tesouraria, ressaltando que os desafios fiscais e políticos seguem importantes. No curto prazo, este executivo avalia que indicadores melhores da atividade e da arrecadação estão levando uma melhora das previsões fiscais. "Não vejo avanço estrutural significativo no ajuste fiscal, mas também não vejo um desarranjo",disse ao <i>Broadcast</i> (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), destacando que este ambiente ajuda a retirar pressão do câmbio, ajudado também pelas contas externas melhores, juros em alta e dólar em baixa no exterior. Este cenário, diz ele, permitiu o não rebaixamento do rating do Brasil, completa ele, um temor que pairava nas mesas de operação.

Na tarde desta quinta, o Tesouro divulgou que o superávit primário do Governo Central ficou em R$ 16,5 bilhões, o melhor para o mês desde 2014 e o dobro do esperado pelos economistas consultados pelo Broadcast. O número corrobora a visão de que o país terá uma melhora fiscal em 2021 pelo próprio avanço da atividade.

O economista-chefe do BTG Pactual, Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro, afirmou em evento do banco que há cinco meses o mercado discutia sobre a dívida pública batendo em 100% do PIB. Agora, já se projeta que o indicador pode ficar em 85% este ano ou até abaixo.

Ao manter o rating brasileiro, a Fitch disse esperar que o teto seja cumprido este ano e também prevê melhora fiscal com o déficit do governo central passando de 14% do PIB em 2020 para 7,4% este ano.

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