Estadão

Dólar cai por alívio em juro dos Treasuries, mas minério fraco e riscos locais limitam

O dólar opera em queda no mercado à vista nesta sexta-feira, 21, na esteira do alívio nos rendimentos dos Treasuries. O mercado de câmbio ajusta-se ainda ao recuo da divisa norte-americana frente a pares emergentes do real, como os pesos chileno, mexicano, colombiano e o rand sul-africano, que abre espaço para uma realização de lucros.

Na quinta, o dólar à vista subiu a R$ 5,4619, maior nível desde setembro de 2022, por inquietação dos investidores com o risco fiscal, a sucessão no Banco Central e a aceleração da alta da moeda norte-americana e dos rendimentos dos Treasuries à tarde.

No entanto, a queda de 1,7% do minério de ferro na China e de 1,60% em Cingapura, além da valorização da moeda americana ante euro, libra e iene servem de contraponto, limitando a recuperação do real e de seus pares emergentes.

Os investidores elevam a cautela com a atividade econômica na Europa e Japão, após a frustração dos investidores com os resultados abaixo dos previstos de PMIs nessas regiões, que reforçam a chance de corte de juros pelo BCE. No radar está a leitura preliminar dos PMIs composto, industrial e de serviços dos EUA referentes a junho (10h45).

Na quinta, o Departamento do Tesouro dos EUA incluiu o Japão em sua lista de monitoramento de práticas cambiais e políticas macroeconômicas, ao lado de China, Malásia, Cingapura, Taiwan, Vietnã e Alemanha. O monitoramento visa garantir que os países não estão interferindo ativamente no câmbio para obter vantagens comerciais.

O vice-ministro de Finanças para Assuntos Internacionais do Japão, Masato Kanda, considera eficaz a intervenção cambial de 9,7 trilhões de ienes anunciada no final de maio para responder às flutuações excessivas causadas pela especulação. Ele destacou a disponibilidade ilimitada de fundos para tomar as medidas necessárias e afirmou que o governo continuará a responder firmemente a flutuações excessivas no futuro. Além disso, Kanda disse ser necessário monitorar de perto o impacto das decisões monetárias do Fed e de cada banco central nas taxas de câmbio.

Em relação ao BC, a partir de janeiro de 2025, o atual presidente Roberto Campos Neto será substituído por um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e sete dos nove membros do Copom também terão sido indicados pelo Planalto.

Quanto ao Copom, a unanimidade de votos pela manutenção da taxa Selic em 10,50% na quarta-feira foi criticada pelo presidente Lula ontem. Tem sido ventilado ainda o nome de André Lara Resende como favorito no governo, enfraquecendo o nome do diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, que votou pela manutenção da Selic nessa semana.

Às 9h59, o dólar à vista caía 0,41%, a R$ 5,4397. O dólar futuro para julho cedia 0,28%, a R$ 5,4425.

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