Com muita instabilidade e troca de sinais, o dólar encerrou a sessão desta sexta-feira, 7, praticamente estável no mercado doméstico de câmbio, apesar da nova rodada de fortalecimento da moeda americana frente a pares fortes e do avanço das taxas dos Treasuries. Dados do relatório de emprego (payroll) nos Estados Unidos em setembro mostraram um mercado de trabalho ainda apertado, reforçando a perspectiva de manutenção do ritmo de alta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano).
Operadores observam que o real e seus pares emergentes, como o peso mexicano, resistiram muito bem à onda de liquidação de ativos de risco e ao derretimento das Bolsas em Nova York – o que pode ser atribuído à alta dos preços do petróleo e de commodities agrícolas, além de peculiaridades de cada país, como nível de taxa de juros.
No caso da moeda brasileira, ainda reverbera no mercado a visão de que, seja quem for o vencedor do segundo turno na corrida ao Palácio do Planalto, haverá pouco espaço para aventuras heterodoxas na área econômica, dada a nova configuração do Congresso e o arco de alianças políticas.
Pela manhã, em reação inicial à divulgação do payroll, o dólar até chegou a ensaiar uma rodada mais forte de alta por aqui, correndo até a máxima de R$ 5,2515 (+0,80%). Mas o movimento comprador perdeu fôlego ainda pela manhã, com relatos de entrada de fluxo estrangeiro, fechamento de exportação e operações de realização de lucros.
Sem firmar tendência clara ao longo da tarde, o dólar acabou encerrando o pregão cotado a R$ 5,2125, variação de 0,05%. Na semana, a moeda acumula perdas de 3,38%, sobretudo em razão da baixa de 4,09% na segunda-feira (3), quando houve uma forte redução de prêmios de risco embutidos na taxa de câmbio em resposta ao resultado do primeiro turno da eleição presidencial e da nova configuração do Congresso.
"Depois do primeiro turno, houve a percepção de que, com o novo Congresso, será mais difícil uma grande expansão fiscal na largada ou mudanças micro relevantes, o que ajudou a moeda", afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, ressaltando que, apesar de o ambiente externo apontar ainda para um dólar forte, com a perspectiva de juros mais altos nos EUA, o principal fator de risco para o real é doméstico. "O câmbio já está bem depreciado. O risco maior e que pode trazer uma mudança significativa de patamar do câmbio é alguma barbeiragem na área fiscal."
No exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta fortes, em especial o euro – operou em alta firme, aproximando-se novamente do patamar dos 113,000 pontos, com máxima aos 112,871 pontos. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com a T-note de 10 anos voltando a tocar 3,90% nas máximas do dia. Entre as commodities, as cotações do petróleo avançaram novamente, com o tipo Brent para novembro, referência para a Petrobras, em alta de 3,71%, a US$ 97,92 o barril.