Estadão

Dólar fecha a R$ 5,1413 (+0,02%) à espera de payroll nos EUA e IPCA

Após recuo de 1,02% ontem, na contramão da tendência externa de valorização da moeda americana, o dólar teve um comportamento instável nesta quinta-feira, 9, com trocas de sinal ao longo do dia e oscilação de cerca de cinco centavos entre mínima (R$ 5,1099), pela manhã, e máxima (R$ 5,1592), à tarde. No fim do pregão, a moeda era cotada a R$ 5,1413, praticamente estável (+0,02%).

Segundo operadores, o mercado local foi dominado por movimentos para ajustes de posições e realização de lucros, com investidores se preparando para a divulgação amanhã do relatório de emprego (payroll) americano e do IPCA de fevereiro no Brasil. Dados fortes de emprego nos EUA podem ratificar a perspectiva alta mais expressiva dos juros pelo Federal Reserve. Por aqui, uma inflação corrente sem surpresas reforçaria a aposta em queda da taxa Selic a partir de maio, em meio a sinais de restrição do mercado de crédito e à absorção do novo arcabouço fiscal.

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse hoje à tarde que a nova regra fiscal "vai agradar a todos, inclusive ao mercado". Após encontro com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Tebet afirmou que o arcabouço é "preocupado com a responsabilidade fiscal, com o déficit primário, com estabilização da dívida/PIB, mas atendendo a um pedido justo do presidente da República" de que é preciso "ter recursos para os investimentos necessários para o país voltar a crescer". Tebet repetiu que a proposta, que ainda vai passar pelo crivo de Lula, deve ser divulgada ainda este mês.

Circularam informações de que os novos diretores do Banco Central devem agradar o mercado. Com aval de Haddad e do presidente do BC, Roberto Campos Neto, os nomes já teriam sido encaminhados para a chancela de Lula. A grande expectativa é sobre o substituto do diretor de Política Monetária, Bruno Serra.

"Tivemos um movimento muito acentuado de queda ontem, com a expectativa pelo novo arcabouço fiscal. Hoje foi um dia de ajustes técnicos com o mercado já se preparando para a agenda de amanhã", diz head de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano, ressaltando que é grande a expectativa para o payroll após as falas duras do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano nos últimos dois dias.

No exterior, o dólar recuou frente a moedas fortes, devolvendo parte dos ganhos de ontem, e apresentou comportamento misto em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre pares do real, caiu frente ao peso chileno e o rand sul-africano, mas subiu na comparação com o peso mexicano.

O economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, observa que dados com aumento acima do esperado de pedido de auxílio-desemprego nos EUA, divulgados pela manhã, acabaram abrindo espaço para uma baixa do dólar frente a moedas fortes, após a arrancada provocada pelas declarações de Powell nas sessões anteriores.

"A grande expectativa agora é pelo payroll amanhã. Ontem, o Brasil descolou da alta do dólar com essa expectativa de que o arcabouço fiscal está andando, embora seja tudo ainda embrionário. Hoje, tivemos um pouco mais de volatilidade", diz Velloni, que ainda vê a taxa de câmbio oscilando na faixa entre R$ 5,08 e R$ 5,12.

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