Seguindo a tendência global em dia de cautela por sinalizações para o curso da política monetária nos Estados Unidos, o dólar se manteve em alta frente ao real durante toda a sessão. Chegou ao topo em R$ 5,2143 na etapa matutina, mas, ainda em alta, se acomodou após a divulgação do teor da ata da mais recente reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Encerrou a sessão desta quarta-feira em alta de 0,53%, a R$ 5,1678, reduzindo as perdas no mês de agosto frente ao real para 0,13%.
Para Marcelo Boragini, especialista em renda variável da Davos Investimentos, o recado dado pelos integrantes do Fed não veio tão suave quanto se esperava. De fato, os dirigentes do Fed avaliaram que a inflação deve seguir alta em um nível desconfortável por "algum tempo". Nesse sentido também observaram que a inflação permaneceu inaceitavelmente alta e bem acima da meta de longo prazo de 2%.
"Logo depois da divulgação da ata o dólar reagiu, voltou e seguiu como antes", observa Boragini, ressaltando que o mercado parece estar ainda tendo um pouco de dificuldade de fazer uma leitura mais acurada de tudo o que está acontecendo. "A leitura de fato está nebulosa, então o ativo fica meio lateralizado. Talvez o mercado comece a mostrar uma direção em pouco mais tarde."
A Oxford Economics avalia que as autoridades do Fed expressaram uma avaliação de risco mais equilibrada em torno da política monetária. "Concordamos e esperamos que, mesmo que o FOMC decida reduzir o aumento da taxa para 50 pontos-base em 21 de setembro, esperamos outro aumento de 125 pontos-base até o final do ano", conclui.
Ainda assim, as incertezas que estão no front levam à busca por proteção na divisa americana. Mas, aqui no Brasil, o ritmo de valorização do dólar globalmente tem sido amenizado frente ao real pelo fluxo estrangeiro positivo, lembra o especialista em renda variável.
De acordo com a B3, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 941,485 milhões há dois dias, na sessão de segunda-feira, 15. Só no acumulado de agosto, o resultado do ingresso do capital estrangeiro é de R$ 10,986 bilhões na Bolsa e, em 2022, de R$ 64,747 bilhões.