Com exceção de um movimento pontual de alta no início dos negócios, o dólar trabalhou durante toda esta quarta-feira, 7, em queda ante o real. Localmente, a expectativa em torno da votação da PEC da Transição no Senado gerou mais um dia de alívio a ativos que acumularam muito prêmio ao longo do debate da proposta, nos últimos 35 dias. Externamente, houve influência da fraqueza da moeda americana ante pares fortes, dado o temor com o crescimento dos Estados Unidos, e emergentes, impulsionadas pelo noticiário da China. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), destaque da agenda doméstica, já está pacificada no mercado como um possível resultado hawkish, com recados sobre a situação fiscal.
O dólar à vista terminou a sessão cotado a R$ 5,2058, desvalorização de 1,21%. No segmento futuro, a moeda para janeiro cedeu a R$ 5,2320 (-0,76%). O volume de negócios foi de pouco menos de R$ 11 bilhões.
O dia de alívio no câmbio e, em maior medida, nos juros futuros veio à medida que o investidor segue retirando prêmios acumulados durante o processo de debate da PEC da Transição.
A proposta vai para o plenário do Senado já desidratada na Comissão de Constituição e Justiça (com a extensão do teto de gastos em R$ 145 bilhões, dos R$ 175 bilhões inicialmente apresentados), mas operadores avaliaram que há espaço para uma retirada adicional de "gordura" da proposta.
Uma emenda protocolada por um grupo de 32 senadores quer expandir o teto em R$ 100 bilhões. Como mostrou o Estadão/Broadcast, a equipe do governo eleito tenta barrar essa manobra. O PT calcula que haverá entre 55 e 60 votos a favor da proposta no plenário. Os aliados de Lula estão indo de gabinete em gabinete para convencer os senadores a apoiar a medida como saiu da CCJ. A expectativa ainda é de votação ainda hoje.
Externamente, há pressão de projeções de desaquecimento dos Estados Unidos por causa da provável extensão do aperto monetário pelo Federal Reserve. O operador diz ainda que há aposta em medidas na China para dar suporte à atividade econômica, enfraquecida pelas regras duras contra a covid-19. Dados da balança comercial divulgados nesta madrugada renovaram temores sobre o crescimento do país por parte do governo central de Pequim, que, por sua vez, anunciou flexibilizações sanitárias.
Ainda nesta quarta-feira, o Banco Central informou que o fluxo cambial registrado na semana passada (de 28 de novembro a 2 de dezembro) para o Brasil ficou positivo em US$ 1,592 bilhão. No acumulado do ano, o saldo é positivo em US$ 22,414 bilhões.