Após instabilidade pela manhã, o dólar operou com sinal negativo ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quarta-feira, 26, em baixa de 0,15%, cotado a R$ 5,0573. Houve oscilação de menos de quatro centavos entre mínima (R$ 5,0374) e máxima (R$ 5,0739), ambas registradas nas primeiras horas de negócios. Segundo operadores, houve um leve ajuste de posições, com devolução de parte da alta de ontem (+0,47%), em meio a recuo da moeda americana frente a pares fortes, sobretudo o euro. Por outro lado, nova rodada de queda das commodities, que castigou parte das divisas emergentes, limitou o fôlego do real. As cotações do petróleo recuaram mais de 3% no mercado internacional.
A avaliação nas mesas de operação é que, após voltar a ser negociado acima do nível de R$ 5,00, o dólar passa por um período de acomodação, dada a ausência de gatilhos para movimentos mais fortes. Com a baixa de hoje, a moeda está praticamente estável na semana (-0,02%) e acumula perda de apenas 0,22% no mês. A divulgação da desaceleração do IPCA-15 de 0,69% em março para 0,57% em abril não teve grande influência na formação da taxa de câmbio. Parte dos analistas veem o processo de desinflação com cautela, uma vez que núcleos e preços de serviços seguem pressionados.
No exterior, há preocupações ainda com a saúde do sistema financeiro americano e com eventual recessão nos EUA, embora hoje balanços positivos de big techs tenham trazido certo alívio. Ações do First Republic Bank, a bola da vez, caíram quase 20% em Nova York e chegaram a ter negociações paralisadas após noticias de que pode haver imposição de limite de acesso do banco às janelas de empréstimo do Federal Reserve (Fed).
Monitoramento do CME Grupo mostra que as chances de elevação da taxa básica americana em 25 pontos-base na próxima quarta-feira, 3, estão na casa de 70%, após chegarem a superar 90% no início da semana. É grande a expectativa para a divulgação da primeira leitura do PIB americano do primeiro trimestre amanhã, 27, e para o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida pelo Fed, na sexta-feira, 28.
Por aqui, investidores aguardam a tramitação da proposta do novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, com votação prometida para 10 de maio, enquanto monitoram os trabalhos em torno da instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o requerimento da criação da CPMI hoje e disse que a comissão pode começar a funcionar na próxima semana.
"Ainda vejo algumas compras defensivas de dólar, com o mercado aguardando o andamento do novo arcabouço fiscal no Congresso. Falta convicção para movimentos mais fortes", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse hoje, em evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), que o governo tem a obrigação de zerar o déficit primário em 2024, meta que considera realista. Ela ressaltou que o novo arcabouço não veio com o objetivo de promover cortes de gastos, que serão contemplados em outras medidas, mas de reequilibrar as contas públicas.