O dólar recua ante o real seguindo a tendência externa, enquanto os juros futuros ajustam-se em alta junto com os retornos dos Treasuries e o Ibovespa futuro tem ganho também em linha com Nova York, após as decisões de juros do Federal Reserve, Banco da Inglaterra e Copom no Brasil.
O BoE seguiu o BC americano e elevou o juro básico em 25 pontos-base, a 4,25% ao ano. As taxas dos Fed Funds nos EUA subiram na quarta-feira, 22, à faixa de 4,75% a 5% ao ano. Porém, o BC britânico sinalizou que mais elevações de juros serão necessárias se houver "mais pressões persistentes, enquanto o BC americano sinalizou não mais aumentos contínuos, mas caso necessário. A libra ganhou impulso após os anúncios do BoE.
Já o comunicado do Copom, além de manter a Selic inalterada em 13,75% ao ano ontem à noite, não trouxe nenhuma menção ao início de um ciclo de redução dos juros, destacou a deterioração das expectativas de inflação para prazos mais longos e voltou a citar a possibilidade inclusive de voltar a aumentar a Selic, contrariando pressões do governo e do setor produtivo para baixar juros no país.
O Barclays avalia que o tom mais duro do BC deve levar a um "bear flattening" da curva de juros futuros no Brasil. Há expectativas se o Tesouro Nacional irá elevar a oferta de títulos prefixados no leilão desta quinta-feira, 23 (11h).
O Rabobank mantém a expectativa de que a flexibilização da política monetária só ocorrerá em novembro. Para o Itaú, o Copom entregou a decisão esperada. O Citi destaca a manutenção de tom "hawkish" e a XP considera o comunicado da reunião mais duro que o esperado. O recado do BC é que se a inflação não cair, não irá cortar juros, disse o economista André Perfeito.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse apenas que o comunicado do Copom é "muito preocupante". O ministro da Casa Civil, Rui Costa, chamou de "insensibilidade" e disse que "não tem razão que explique" a decisão. Mas a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), foi ao Twitter atacar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. "Roberto Campos, explica: como empresários podem captar recursos com os maiores juros do mundo? (…) Sua política monetária já foi derrotada", disse.
Às 9h21 desta quinta-feira, o dólar à vista caía 0,21%, a R$ 5,2258. O dólar abril cedia 0,31%, a R$ 5,2345.