O dólar opera em baixa nesta quinta-feira, 24, alinhado à tendência internacional em meio liquidez mais fraca com o fechamento dos mercados americanos pelo feriado de Ação de Graças hoje nos EUA. Lá fora, os investidores seguem ecoando a ata <i>dovish</i> do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), reforçando sinais de desaceleração do ritmo de aperto de juros nos Estados Unidos para 50 pontos-base em dezembro.
Os investidores estão analisando também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) de novembro abaixo do esperado e a ata da última reunião do Banco Central Europeu, divulgada há pouco. Perdas persistentes do petróleo em meio a novos <i>lockdowns</i> contra covid-19 na China e possível fixação de um teto ao petróleo russo podem estar ajudando a limitar a queda do dólar ante o real.
Investidores reduzem posições cambiais para realização parcial de ganhos mensal acumulados, induzidos pela queda externa do dólar hoje e após o Brasil registrar um fluxo cambial positivo neste mês até o dia 18, de US$ 3,841 bilhões. Além disso, o dólar vinha acumulando valorização de 4,04% ante o real no mês até ontem, refletindo o avanço externo recente com as incertezas sobre o ritmo de elevação de juros pelo Fed e a política de covid-zero na China, que apoia demanda pelo sentimento de porto seguro da moeda americana. Ainda, as incertezas e preocupações locais com o rumo das contas públicas a partir de 2023 têm apoiado a demanda defensiva e a desvalorização do real.
Apesar das quedas do dólar e dos juros futuros nesta manhã, persiste pano de fundo de cautela local pelo temor fiscal. Uma definição sobre a PEC da Transição foi adiada para a próxima semana.
O PT decidiu protocolar a PEC somente na semana que vem, de acordo com o deputado José Guimarães (PT-CE). A equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, quer aprovar uma PEC para deixar o Bolsa Família fora do teto de gastos – a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação -, mas enfrenta resistência nas negociações sobre o valor total proposto extrateto de gastos, de cerca de R$ 198 bilhões, e o prazo de validade da PEC.
Os investidores avaliam ainda o IPCA-15, que apontou alta de 0,53% em novembro, após ter subido 0,16% em outubro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou levemente abaixo da mediana das estimativas (0,54%) dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast. No ano, o IPCA-15 acumula, agora, um aumento de 5,35%, abaixo da mediana (6,20%) e, em 12 meses, +6,17%.
No exterior, as expectativas se voltam, agora, para a ata da mais recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu, publicada há pouco. O BCE indica no documento que a inflação na zona do euro prmanece muito alta e ficará acima da meta por período prolongado.
Mais cedo, o Banco Central da Turquia cortou seu juro básico pela quarta vez consecutiva, em 150 pontos-base para taxa de 9%.
Em relação ao petróleo, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não pretende fornecer óleo e gás para países que apoiarem o teto de preço do óleo russo, segundo disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a repórteres. Entretanto, segundo Peskov, a decisão ainda não é final.
Às 9h38, o dólar à vista caía 0,85%, a R$ 5,3288. O dólar para dezembro perdia 0,64%, aos R$ 5,3370.