O dólar à vista opera em baixa na manhã desta terça-feira, 7, acompanhando o sinal da moeda ante outros pares emergentes do real no exterior e a queda também dos retornos dos Treasuries. Operadores do mercado afirmam que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) reafirmou o tom <i>"hawkish"</i> do comunicado da reunião da semana passada, que já levou a curva de juros a precificar em boa medida uma piora de expectativas fiscais do País. Além disso, há uma melhora do sentimento de investidores no exterior após o anúncio de novas medidas para estimular o setor imobiliário chinês.
No radar dos investidores estão discursos do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa de evento em Miami (10 horas), e do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell (14h40). O mercado também digere o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) mais fraco de janeiro e aguarda pelos leilões de NTN-B e LFT do Tesouro (11 horas).
Na ata da última reunião, que manteve pela 4ª vez a Selic a 13,75% ao ano, o BC repetiu que "se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação". Também voltou a alertar que "não hesitará" em retomar o ciclo de alta, caso a desinflação não ocorra como esperado.
O Banco Central tratou também na ata do âmbito fiscal na avaliação sobre o balanço de riscos para a inflação. Segundo o Copom, nesse tema, há dois conjuntos de riscos que se interseccionam. O primeiro deles é a revisão do arcabouço fiscal, em referência às novas regras que devem ser apresentadas pelo governo para substituir o teto de gastos.
O comitê ressaltou que a revisão "diminui a visibilidade sobre as contas públicas para os próximos anos e introduz prêmios nos preços de ativos e impacta as expectativas de inflação". O segundo conjunto diz respeito aos estímulos fiscais. "O Copom seguirá acompanhando seus impactos sobre atividade e inflação e reforça que, em ambiente de hiato do produto reduzido, os impactos sobre a inflação tendem a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade."
Por outro lado, o BC disse que alguns membros do colegiado notaram que a execução do pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda deveria atenuar o risco fiscal e que "será importante acompanhar os desafios na sua implementação".
Após críticas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, à política monetária, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda-feira à noite que o BC "poderia ter sido mais generoso" com o governo no comunicado do Copom que sinalizou incertezas fiscais. Haddad se reúne hoje com os governadores e secretários de Fazenda para debater as perdas de arrecadação geradas pela redução das alíquotas do ICMS (16 horas).
Às 9h20, o dólar à vista caía 0,45%, a R$ 5,1506. O dólar março tinha viés de alta de 0,04%, a R$ 5,1705.