Estadão

Dólar recua de olho na melhora externa e alta do petróleo

O dólar opera em baixa com a melhora dos mercados no exterior. Os investidores ajustam posições de olho ainda na alta persistente do petróleo, de mais de 2% há pouco, em meio aos desdobramentos da guerra da Rússia contra a Ucrânia.

A desaceleração do IGP-DI de fevereiro foi bem recebida, mas não dissipa as preocupações com a inflação no Brasil. Os sinais de possível ingerência política do governo Bolsonaro na gestão de preços da Petrobras seguem no radar também. Mas, por enquanto, a queda do dólar predominante no exterior pesa mais na precificação da taxa de câmbio.

Ontem, o dólar devolveu a queda intradia e fechou com viés de alta no mercado à vista, enquanto o dólar para abril encerrou mais forte, a R$ 5,1460 (+0,82%), reagindo à notícia de que o governo discute o congelamento temporário de preços dos combustíveis.

O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que o custo de não repassar a alta do petróleo no mercado internacional seria bancado pela Petrobras e, em última instância, pelos seus acionista. Ao mesmo tempo, fontes avaliam que o governo terá dificuldade de ultrapassar a resistência do conselho de administração da estatal. O principal argumento contra a aprovação é de que o petróleo e os seus combustíveis são commodities e, "assim como os alimentos, têm de ter preços livres".

Uma reunião hoje à tarde (15 horas) do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os ministros da Casa Civil, Ciro Nogueira, da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Bento Albuquerque ficará no radar. Fonte disse ainda à jornalista Adriana Fernandes, do Broadcast, que o governo não descarta acionar o estado de calamidade pública, se a guerra durar por muito tempo.

Os investidores seguem monitorando também as notícias do conflito no leste europeu. O presidente da China, Xi Jinping, participou de reunião virtual com o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz. Xi Jinping disse que a situação na Ucrânia é preocupante e reforçou posição do país de respeito à soberania e integridade territorial de todos os países e que as preocupações de segurança legitimas de todos os países devem ser levadas a sério. O líder chinês também se disse disposto a coordenar com a Europa esforços que levem a uma solução pacífica.

Já o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, alertou hoje que, se o conflito com a Rússia se espalhar para além das fronteiras com a Ucrânia, a situação poderia "sair de controle". Em entrevista coletiva ao lado do presidente da Letônia, Egils Levits, Stoltenberg disse que a aliança tem responsabilidade de evitar uma escalada generalizada da guerra. "Temos que encerrar o conflito, não expandi-lo", comentou.

O líder da Otan acrescentou que a ofensa russa provocou a mais rápida crise de refugiados da Europa desde a Segunda Guerra Mundial, com 2 milhões de pessoas tendo deixado o território ucraniano. "O ataque do presidente da Rússia, Vladimir Putin à Ucrânia continua e o impacto humanitário é devastador", disse. O político norueguês reiterou que Moscou paga um "alto preço" pela invasão do país vizinho e está isolado no cenário internacional.

No Brasil, empresas continuam relatando ataques possivelmente de hackers a suas redes digitais. O Mercado Livre informou à US Securities and Exchange Commission (SEC – órgão correspondente à CVM para empresas listadas nos Estados Unidos) que detectou "recentemente que parte do código-fonte do MercadoLivre Inc. foi sujeita a acesso não autorizado". A companhia admitiu que os dados de aproximadamente 300 mil usuários foram acessados, mas que ainda não há evidência de danos à infraestrutura da empresa, nem de que tenham sido obtidas informações como senhas ou informações financeiras dos clientes, diz a empresa em nota. A companhia diz ainda estar "tomando medidas rigorosas para evitar novos incidentes".

Às 9h43, o dólar à vista recuava 0,08%, a R$ 5,0772 e o dólar para abril caía 0,62%, a R$ 5,1130.

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