Estadão

Dólar sobe 0,16% com exterior em meio à aposta de alta de juros nos EUA

O dólar à vista iniciou a semana em leve alta no mercado de câmbio doméstico, em sintonia com a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Após dados do relatório de emprego (payroll) nos EUA em março, na sexta-feira, 7, mostrarem que o mercado de trabalho americano segue apertado, voltaram a ser majoritárias as apostas em alta de 25 pontos-base da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) em maio.

Segundo analistas, a busca pela moeda americana também é alimentada pela expectativa do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos EUA, que sai na quarta-feira, 12, e pelo aumento das tensões políticas entre EUA e China em relacionadas a Taiwan. Ao quadro externo de baixo apetite ao risco somam-se ajustes técnicos, em meio à expectativa sobre o envio Câmara dos Deputados do texto final da nova proposta de arcabouço fiscal. Declarações de Lula em reunião ministerial para marcar 100 dias de governo foram monitoradas, mas não tiveram papel relevante na formação da taxa de câmbio.

Tirando uma queda bem pontual nos primeiros minutos do pregão, o dólar operou com sinal positivo ao longo do dia. Com máxima a R$ 5,0934 (+0,70%), a moeda encerrou a sessão cotada a R$ 5,0661, em alta de 0,16%. A divisa acumula ligeira baixa em abril (-0,5%) e desvalorização de 4,05% no ano. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato futuro de dólar para maio teve giro baixo, inferior a US$ 10 bilhões.

Lá fora, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta firme, superando a linha dos 102,500 pontos. O iene caiu mais de 1% ante à moeda americana, após o novo presidente do Banco do Japão (BoJ), Kazuo Ueda, afirmar que não pretende alterar no curto prazo a política monetária extremamente frouxa.

Segundo o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, os dados do payroll, embora em linha com o esperado, mostram que o mercado de trabalho segue apertado, o que lança dúvidas sobre o espaço para o Fed interromper o aperto monetário. "O emprego é a ponta final de um processo de desaceleração econômica. Vamos ver como vem o CPI, mas ainda acredito que não haverá novo aumento dos juros nos EUA", diz Velloni.

Por aqui, o mercado espera pelo texto do novo arcabouço fiscal. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta será enviada ao Congresso junto com o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), que precisa chegar ao Legislativo até o dia 15. Líder do governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) disse que, após aterrissar na Casa, o texto da nova regra fiscal pode ir à votação em um mês. Em reunião ministerial, Lula defendeu Haddad, ao dizer que quando se trata de economia nunca haverá "100% de solidariedade" e afirmou que o "arcabouço fiscal traz soluções realistas e seguras para o equilíbrio das contas públicas".

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