Após um início de tarde volátil, em que chegou a operar pontualmente em queda e registrou mínima a R$ 5,1378, o dólar se firmou em terreno positivo nas duas últimas horas de negócios, em meio a uma onda de aversão ao risco no exterior. À espera da divulgação, amanhã, do índice de inflação ao consumidor (CPI) americano em outubro e de olho nas eleições parlamentares de meio de mandato nos EUA, investidores abandonaram as bolsas e buscaram refúgio na moeda americana.
Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY renovou máxima, superando 110,600 pontos, na esteira da frustração com a expectativa de uma vitória expressiva do Partido Republicano nas eleições.
Por aqui, o dólar, que operava no início da tarde ao redor de R$ 5,15, foi galgando degraus até chegar ao patamar de R$ 5,18, aproximando-se da máxima de R$ 5,1980, pela manhã. No fim da sessão, a divisa era cotada a R$ 5,1821, em alta de 0,74%. Com isso, a moeda passa a acumular valorização de 2,37% nos três primeiros pregões desta semana.
"O dólar estava praticamente no zero a zero, mas houve uma piora significativa das Bolsas em Nova York, trazendo um sentimento de aversão ao risco no fim da tarde que enfraqueceu o real", afirma o sócio e head de câmbio da Nexgen Capital, Felipe Izac. "O mercado está na defensiva com a expectativa de que o CPI nos Estados Unidos possa vir forte amanhã".
Operadores ressaltam que a liquidez foi reduzida. A falta da disposição para montagem de posições estaria ligada à cautela diante das expectativas em torno magnitude dos gastos extrateto na PEC da Transição e dos nomes que vão compor e equipe econômica no futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente eleito fez um périplo hoje por Brasília para se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber. Após encontro com Lula, Pacheco disse ter reafirmado que o Congresso vai trabalhar para garantir recursos para manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600, aumento real do salário mínimo e programas sociais para pessoas de baixa renda. O senador Omar Aziz (PSD-AM), que esteve no encontro entre Pacheco e Lula, disse que os valores da PEC da Transição giram entre R$ 170 bilhões e R$ 175 bilhões, "se não houver emenda".
Izac, da Nexgen Capital, observa que o mercado trabalha em compasso de espera pelo detalhamento da PEC da Transição e de sinais sobre a futura equipe ministerial. O quadro é binário. Nomes mais técnicos para o time da economia e comedimento no pedido de waiver na PEC de Transição (sinais fortes de comprometimento com responsabilidade fiscal) abririam espaço para uma queda mais forte do dólar, rumo ao piso de R$ 5,00. De outro lado, nomes políticos para a equipe econômica e gastos extrateto elevados e prejudicais à trajetória da dívida pública devem levar a uma depreciação do real.