Estadão

Dólar sobe 0,83% com exterior e possível aumento maior do salário mínimo

Após uma baixa de 2,48% na semana passada, o dólar encerrou a sessão desta segunda-feira, 16, em alta de 0,83%, cotado a R$ 5,1486, em dia de liquidez bem reduzida, uma vez que os mercados americanos ficaram fechados em razão do feriado de Martin Luther King Jr. nos EUA. Apesar da alta hoje, o dólar ainda acumula baixa de 2,49% em janeiro.

Analistas atribuíram o tropeço do real a uma correção natural, desencadeada pelo ambiente externo menos propício a emergentes e nova leva de dúvidas sobre a política fiscal doméstica, com a novela em torno do aumento do salário mínimo. Declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Fórum Econômico de Davos, foram monitoradas, mas não tiveram impacto relevante na formação da taxa de câmbio.

Afora uma pequena baixa na abertura dos negócios, o dólar operou em alta durante todo o pregão, flutuando entre R$ 5,10 e R$ 5,12 pela manhã e início da tarde longo da manhã e o início da tarde. Lá fora, as divisas emergentes apanhavam da moeda americana em dia de perda de fôlego das commodities. Diante de dados fracos do setor imobiliário na China e de ameaça de intervenção no mercado por autoridades chinesas, o minério de ferro fechou em queda superior a 4%.

"O dólar subiu contra outras moedas emergentes hoje, em que tivemos quedas das commodities. E houve essa questão do salário mínimo", afirma o head da Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressaltando que a alta de hoje não é expressiva. "Temos que lembrar que o dólar caiu em sete dias seguidos, de R$ 5,45 até mínima de R$ 5,05. Então, tem uma realização após essa queda forte".

As máximas da sessão, na casa de R$ 5,16, vieram na esteira da informação, apurada pelo Broadcast com técnicos da equipe econômica, de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia reajustar o salário mínimo acima dos R$ 1.320,00 previstos no Orçamento, como defendido por ala política do Planalto. Esse aumento poderia ser custeado com parte do corte de R$ 50 bilhões propostos pelo ministério da Fazenda, que é contra o reajuste do mínimo.

"Essa notícia um impacto negativo no mercado. Na semana passada, houve falas do próprio Haddad dizendo que era contra esse aumento maior do salário mínimo, porque não podia ser acomodado nas contas públicas", afirma o sócio da Nexgen Capital Felipe Izac, ressaltando que a apreciação do real ao longo da semana passada, além de reflexo da alta das commodities e da queda dos retornos dos Treasuries, foi estimulada por um discurso menos belicoso do governo. "O dólar deu uma esticada justamente pela aparência de que pode haver uma piora do quadro fiscal".

Em Davos, Haddad disse que redução do déficit primário para 1% do PIB neste ano é realista e que, apesar das pressões sobre o Orçamento, o governo não trabalha com a possibilidade de aumentar a carga tributária. "A ideia é que a reforma (tributária) seja neutra", afirmou o ministro.

"O apetite ao risco na semana passada foi forte e o dólar está devolvendo hoje. A notícia do salário mínimo acabou estressando um pouco o mercado e contribui para maior pressão sobre a moeda no fim da tarde", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, acrescentando que no exterior pesou a notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) pretende continuar apertando a política monetária e que vê risco inflacionário.

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