O dólar à vista avançou 0,36% em relação ao real nesta terça-feira, 25, a R$ 4,7500, revertendo parte da queda da véspera, quando havia recuado ao menor nível do ano. Segundo operadores, o movimento da sessão foi técnico, puxado pela demanda de importadores pela moeda e por ajustes de posições de investidores à véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
Apesar da alta na sessão, a moeda americana encerrou o dia no segundo menor nível do ano, acima apenas da cotação de R$ 4,7331 vista na segunda-feira. Entre a mínima, de R$ 4,7186 (-0,31%), e a máxima de R$ 4,7593 (+0,55%), oscilou cerca de quatro centavos. O contrato de dólar futuro para agosto movimentou pouco mais de US$ 10,5 bilhões, em linha com a média das últimas 30 terças-feiras.
Para o gerente de câmbio da Treviso, Reginaldo Galhardo, o movimento do dólar é explicado por um ajuste técnico, já que a forte queda da véspera abriu espaço para demanda de importadores e investidores pela moeda americana. O profissional destaca que o movimento do dia está em linha com o intervalo de R$ 4,70 a R$ 4,90 no qual a divisa tem oscilado nos últimos meses, sem sinal de rompimento.
No cenário doméstico, o principal destaque foi a deflação de 0,07% do IPCA-15 de julho, mais intensa do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast (-0,03%). Como resultado, a curva de juros passou a precificar chance majoritária de um corte mais intenso da taxa Selic em agosto, de 50 pontos-base. Economistas do mercado, em contrapartida, mantiveram o cenário-base de uma redução mais contida, de 25 pontos.
Para Galhardo, a mudança nas apostas do mercado de juros teve pouca relação com o movimento do dólar, embora sugira uma redução do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. "Mesmo que o Banco Central tire 50 pontos da Selic, ela ainda vai ser de 13,25%, continua interessante. Venha o que vier, 25 pontos ou 50 pontos, isso não vai assustar o investidor", afirma.
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, avalia que o dólar ficou praticamente de lado nesta sessão, refletindo o compasso de espera do mercado pela decisão do Fed amanhã. A analista lembra que o mercado migrou nas últimas semanas para o consenso de que o BC americano vai aumentar os juros uma última vez, em 25 pontos-base, e agora aguarda confirmação da aposta.
"Embora exista um consenso no mercado e isso esteja precificado na curva dos Treasuries, ainda há dúvidas, porque o consenso dos diretores do Fed é que haveria mais duas altas, e não uma, no segundo semestre", explica Abdelmalack. "O mercado está aguardando para ver a comunicação do Fed, para ver se ele vai deixar a porta aberta para mais aumentos, e isso justifica o movimento lateral do dólar hoje."