O dólar operou em alta ante moedas rivais nesta sexta-feira, 16, apoiado pela deterioração do sentimento de risco nas bolsas em Nova York e de olho em indicadores macroeconômicos nos Estados Unidos e na Europa.
O índice DXY, que mede a variação da divisa americana em relação a seis pares, fechou em leve alta de 0,07% hoje, aos 92,687, e avançou 0,60% no acumulado da semana. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 110,08 ienes, enquanto o euro enfraquecia a US$ 1,1808 e a libra recuava a US$ 1,3764.
O dólar ganhou força mais cedo, após uma inesperada alta nas vendas do varejo americano em junho, que subiu 0,6% ante maio. Analistas consultados pelo <i>The Wall Street Journal</i> previam queda de 0,4% nas vendas do último mês.
Em relatório a clientes, o Citigroup ponderou que o resultado de junho se deu em parte pela revisão de baixa nos dados de maio. O banco estima, no entanto, que a força do indicador pode perdurar mais à frente, uma vez que as fortes leituras persistem mesmo meses após o governo americano ter distribuído estímulos financeiros a famílias americanas por meio de cheques.
"A força nos gastos com bens é particularmente surpreendente e positiva, dada a rápida recuperação nos serviços. Nossa expectativa no início deste ano era de que uma rápida recuperação do setor de serviços levaria a quedas nas vendas no varejo, que em vez disso estão se mantendo robustas", comenta o Citi.
O baixo apetite por ativos de risco em Nova York também ajudou o dólar na sessão de hoje. Houve uma piora geral do sentimento logo após a Universidade de Michigan informar que o índice de sentimento do consumidor nos EUA caiu para 80,8 em junho, enquanto a expectativa de inflação no curto prazo atingiu o nível mais alto desde 2008 na preliminar de julho, subindo de 4,2% no mês anterior a 4,8%.
"O dólar continua a ser negociado à frente de seus pares, já que o tom nos mercados de ações e renda fixa permanece um tanto defensivo em meio a uma reavaliação em curso da narrativa que sustenta as negociações de reflação ", avalia o analista sênior Jonas Goltermann, da Capital Economics, referindo-se ao ambiente de forte apoio monetário atual nos EUA.
Na Europa, investidores observaram a alta mensal de 0,3%, e anual de 1,9%, do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro em junho. Ainda na seara dos indicadores, a balança comercial do bloco registrou superávit em maio, mas as exportações caíram pelo quinto mês consecutivo.
Na Ásia o foco ficou por conta da decisão do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) de manter o juro básico negativo no país, a -0,10%, segundo comunicado divulgado na madrugada de hoje. O BoJ reduziu sua projeção de crescimento para o atual ano fiscal, que termina em março de 2022, de 4,0% para 3,8%, e elevou a do ano fiscal a ser encerrado em março de 2023, de 2,4% para 2,7%.