O dólar opera em alta nesta sexta-feira, 3, após novas críticas do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) à autonomia do Banco Central (BC) e as metas de inflação atuais. A valorização frente o real perdeu força em meio a relatos de ingressos de fluxo comercial.
"Estes comentários de Lula aumentam a incerteza em torno das metas atuais, o que provoca a continuidade da elevação das expectativas de inflação e a manutenção de juros elevados", afirma a LCA. A consultoria avalia ainda que "uma maior coordenação das políticas fiscal, parafiscal e monetária aumentaria as chances de o Brasil praticar metas de inflação semelhantes a outras economias emergentes."
O mercado de câmbio se ajusta ainda à valorização do dólar ante outras divisas emergentes e ligadas a commodities no exterior em meio à queda persistente do petróleo com incertezas sobre a recuperação da economia da China e antes da publicação do relatório de empregos (payroll) dos Estados Unidos de janeiro (10h30).
O chefe da Divisão de Estudos Globais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Thomas Helbling, alertou que autoridades chinesas devem evitar "aperto prematuro de políticas macroeconômicas", mantendo uma estratégia neutra que não prejudique a recuperação das atividades no país. Helbling destacou que o consumo privado está apresentando forte recuperação em meio à reabertura da China, se tornando o responsável por elevar a projeção do FMI sobre o crescimento do país neste ano. Em relatório divulgado hoje, a instituição prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 5,2% em 2023.
Ja o subchefe da divisão de Ásia e Pacífico do FMI, Sonali Jain-Chandra definiu o consumo privado como "maior motor" do crescimento da China e projetou que investimentos de infraestrutura devem ser nulos em comparação. Para ambos os dirigentes, o foco das autoridades deve ser em políticas que promovam o crescimento de outros setores, por exemplo, o imobiliário, ainda lento no processo de recuperação.
Na quinta, o dólar praticamente devolveu as perdas intradia. Após descer até R$ 4,9408 (-2,36%) na mínima, o dólar encerrou a sessão em baixa de 0,30%, cotado a R$ 5,0454 no mercado à vista, reagindo ao tombo de commodities e impulsionado pela divergência de expectativas entre investidores e dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE), no dia seguinte à decisão do Federal Reserve (Fed). Também as taxas de curto prazo e, sobretudo, as intermediárias subiram com força e a ponta longa passou o dia em queda para terminar de lado, refletindo a redução das apostas de corte da Selic e a melhora da perspectiva sobre o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.
A mediana do Projeções Broadcast para a taxa no fim do ano passou de 12,50% para 12,75%. De 40 casas, 12 esperam Selic a 13,75% na virada de 2023 para 2024 e uma projeta juro até mais alto, a 14,50%.
Às 9h38, o dólar à vista subia 0,84%, a R$ 5,0867 com relatos de ingressos de fluxo comercial, ante a máxima intradia, a R$ 5,1212 (+1,50%) após a abertura dos negócios. O dólar março ganhava 0,43%, a R$ 5,0965, ante máxima a R$ 5, 1415 (+1,36%). Às 9h58, já em movimento menos intenso, o dólar à vista atingia mínima a R$ 5,0602 (alta de 0,29%). O dólar março ganhava 0,14%, a R$ 5,0795.