Estadão

Dólar sobe com exterior e após sinal de Campos Neto para Selic a 14% em setembro

O dólar opera em alta leve nesta terça-feira, 6, acompanhando a valorização moderada no exterior e também o avanço dos retornos dos Treasuries, após o feriado da segunda-feira, 5, nos Estados Unidos. Pesam também os sinais inesperados do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, de que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode fazer mais uma elevação residual na Selic na reunião deste mês.

"Aproveitamos eventos como esse para nos manifestar e a mensagem que continua valendo hoje é a do último Copom, que a gente disse que avaliaria um possível ajuste final", disse Campos Neto durante o evento Valor 1000, do jornal <i>Valor Econômico</i>, em São Paulo. Agora, o mercado espera por mais sinais nesse sentido no discurso do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, que participa de evento (10 horas).

À tarde, uma busca de proteção maior não está descartada, diante das incertezas sobre os desdobramentos das manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro durante o feriado de 7 de setembro.

No exterior, O índice DXY do dólar ante seis divisas fortes subia moderadamente há pouco. O iene atingiu o menor nível em 24 anos na comparação com o dólar nesta manhã, à medida que o movimento global de aperto de juros aprofunda a divergência com a política monetária ultra-acomodatícia do Banco do Japão (BoJ).

Na Oceania, o Banco de Reserva da Austrália (RBA, na sigla em inglês) aumentou sua taxa básica em 0,5 ponto porcentual, a 2,35%, em um esforço para conter a inflação. Na Europa, o mercado já especula uma possível alta de 75 pontos-base nos juros do Banco Central Europeu (BCE) na próxima quinta-feira. E os investidores devem avaliar hoje as leituras finais de PMIs dos EUA de agosto, enquanto aguardam o CPI americano de agosto, no dia 13, que deve determinar se o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) irá manter ou não o aperto de 75 pontos nos juros neste mês ou poderá aliviar o aperto monetário.

Na Europa, o euro e a libra se fortalecem nesta manhã após a Bloomberg noticiar que Liz Truss, que assume como primeira-ministra do Reino Unido nesta terça-feira, tem planos de congelar os preços de energia para as famílias britânicas. Ontem, o premiê de Portugal, António Costa, anunciou que o governo reduzirá o IVA de eletricidade de 13% para 6%, limitará aumentos de aluguel para 2% até 2023 e apoiará famílias com 50 euros por criança, além de 125 euros por trabalhador com rendimento de até 2.700 euros por mês e aumentos extraordinários das pensões. Todas essas medidas fazem parte de um plano que visa combater o "aumento brutal da inflação", nas palavras do próprio Costa.

Porta-voz russo informou hoje que o fornecimento de gás natural por meio do gasoduto Nord Stream 1 à Europa não será retomado até que a Siemens Energy conserte equipamentos defeituosos.

Mais cedo, a OCDE informou que o CPI dos países membros desacelerou levemente em julho, a 10,2%, ante 10,3% em junho, à medida que o avanço nos preços de energia perdeu força na maior parte da região. Apenas os preços de energia na OCDE subiram 35,3% em julho ante igual mês do ano passado, após saltarem 40,7% na mesma comparação de junho.

Ontem, o dólar à vista fechou a R$ 5,1540, em baixa de 0,59%, com relatos de ingresso de fluxo comercial e movimento de ajustes e realização de lucros.

Às 9h17, o dólar à vista subia 0,25%, a R$ 5,1663. O dólar para outubro ganhava 0,16%, a R$ 5,1990.

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