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Dólar sobe com realização, cautela externa e espera na votação de PEC

O dólar opera em alta na manhã desta segunda-feira, 5, após viés de baixa nos primeiros negócios, em mais um dia em que a liquidez deve ficar reduzida por causa do jogo do Brasil na Copa do Catar à tarde. Os investidores ajustam posições após a moeda americana acumular perdas de 3,61% na semana passada, com otimismo em relação à possível redução de prazo e de valor extrateto de gastos na PEC da Transição. As expectativas hoje se voltam para a escolha do relator da proposta, que pode ser votada na quarta-feira (7) no Senado, além de nomes para ocupar os ministérios no futuro governo.

O fim de semana foi de negociações para definição da PEC. O texto da proposta deve trazer um prazo de dois anos para o Bolsa Família ficar fora do teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação, apurou o <i>Estadão/Broadcast</i>. Esse ponto do texto foi definido ao longo do fim de semana em uma sequência de reuniões, nas quais foi discutido também um impacto fiscal de R$ 150 bilhões na proposta, que deve ser votada nesta semana, além do uso de receitas extraordinárias ainda neste ano. Cresce a aposta no senador Alexandre Silveira (PSD-MG) para relatar a PEC.

No domingo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou para Brasília acompanhado pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), favorito para o Ministério da Fazenda, após realizar exames de laringoscopia no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Segundo boletim médico, o exame se mostrou "dentro da normalidade".

Lula encontra-se nesta segunda com Conselheiro de Segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, enviado ao Brasil pelo presidente americano, Joe Biden. Na sexta-feira, o presidente eleito disse que só começará a fazer as nomeações para ministérios após a diplomação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcada para o dia 12 deste mês, mas pelos menos cinco nomes já são dados como certos no primeiro escalão.

No radar dos investidores deve ficar ainda na semana a reunião do Copom e o início do julgamento do processo do orçamento secreto no Plenário do Supremo Tribunal Federal, ambos na quarta-feira.

Na pesquisa Focus divulgada mais cedo pelo Banco Central, a expectativa para a alta do IPCA – índice de inflação oficial – de 2023 subiu pela terceira semana seguida em meio às discussões do governo eleito sobre aumento de gastos no ano que vem. A previsão para 2023 subiu de 5,02% para 5,08%. Para 2022 houve avanço de 5,91% para 5,92%, contra 5,63% há um mês. Para 2024, a mediana permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 4,94% e 3,50%, nessa ordem.

As medianas para a taxa Selic no final de 2023 e de 2024 voltaram a subir também no Boletim Focus. A projeção para o fim de 2023 subiu de 11,50% para 11,75%, de 11,25% há quatro semanas. Para o término de 2024, o aumento foi de 8,25% para 8,50%, contra 8,00% um mês antes.

No exterior, o índice DXY do dólar caía ante moedas rivais, mas o dólar exibia sinais mistos ante divisas emergentes e ligadas a commodities. Os investidores reagem a novos relaxamentos de restrições em grandes centros urbanos na China, como a capital Pequim, e buscam novos sinais sobre os próximos passos dos Bancos Centrais nesta semana que antecede decisões monetárias nos EUA, zona do euro e Reino Unido.

O dirigente do Banco Central Europeu (BCE) Gabriel Makhlouf afirmou nesta segunda que, para continuar o caminho de trazer a inflação de volta à meta de 2%, um aumento de 50 pontos-base nas taxas de juros é o mínimo necessário na reunião de dezembro. Já o membro do Conselho do BCE François Villeroy de Galhau disse ontem que o BCE deve aumentar as taxas de juros em 50 pontos-base (pb) neste mês "para ajudar a domar a alta dos preços ao consumidor".

Nos EUA, o dólar ganhou força na sexta-feira, após os dados do relatório de empregos (payroll) melhores que o esperado em novembro, reforçando perspectivas de novos aumentos de juros nos EUA, ainda que uma desaceleração no ritmo para 50 pontos-base seja esperada na próxima semana. Além disso, investidores devem olhar hoje os índices de gerentes de compras (PMIs) americano e no Brasil, após os resultados do indicador na Europa continuarem apontando contração da economia na zona do euro, Alemanha e Reino Unido.

O petróleo sobe mais de 2% nesta manhã, com entrada em vigor hoje do teto ao preço do óleo da Rússia de US$ 60 por barril e com a decisão da Opep+ de manter suas cotas de produção. Do lado da demanda, também está no radar o relaxamento de restrições contra a covid-19 em grandes centros urbanos da China, como a capital Pequim. O movimento pode dar fôlego à atividade chinesa e, consequentemente, à demanda por petróleo no gigante asiático, favorecendo moedas de países exportadores de matérias-primas.

Às 9h30, o dólar à vista subia 0,57%, aos R$ 5,2446. O dólar para janeiro de 2023 ganhava 0,50%, aos R$ 5,2730.

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