O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 10, em alta de 0,34% em relação ao real, cotado em R$ 4,8825, em realização parcial de lucros após as quedas acumuladas em junho (-5,59%) e na última sexta-feira, 7 (-1,30%), quando a Câmara aprovou a reforma tributária. Dados de inflação menores que o esperado na China ajudaram a balizar o movimento, enquanto investidores recompunham posições defensivas em câmbio.
Somados às quedas em torno de 1% dos preços de petróleo, esses fatores mantiveram o dólar em alta ante o real durante praticamente toda a sessão. Em meio à agenda esvaziada do dia e à espera pelo IPCA de junho nesta terça-feira, 11, e pela inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos na quarta-feira, 12, a moeda oscilou menos de quatro centavos entre a mínima de R$ 4,8563 (-0,20%) e a máxima de R$ 4,8924 (+0,54%).
A queda interanual de 5,4% dos preços ao produtor (PPI) da China em maio, maior baixa em oito anos, adicionou incertezas sobre o ritmo de crescimento econômico do gigante asiático e pressionou os preços do petróleo e do minério de ferro (-3,46%). Enquanto isso, a baixa das expectativas de inflação de um ano nos Estados Unidos levou a um recuo de 0,30% do índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes.
"A sessão de hoje teve uma pequena alta do dólar ante o real, de menos de quatro centavos no intraday, um pouco por causa da agenda esvaziada. Os dados do PPI da China caíram em um ritmo assustador, o que causou uma preocupação no cenário externo", diz o chefe de câmbio da Trace Finance, Evandro Caciano. "Mas é uma alta irrelevante: menos de cinco centavos é uma moeda andando de lado."
Caciano destaca ainda que a alta do dólar nesta sessão se deve parcialmente a um ajuste técnico nas posições compradas de estrangeiros na Bolsa após a aprovação da reforma tributária, considerando a retirada de R$ 1,459 bilhão apenas na última quinta-feira, 6. Outros agentes destacam que os sinais de fraqueza da economia chinesa podem ter motivado uma fuga de estrangeiros nesta segunda-feira.
Declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) também ajudaram a sustentar os ganhos da moeda americana em relação ao real ao sugerirem maior aperto monetário nos EUA. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, defendeu mais juros para controlar a inflação, enquanto a chefe da distrital de São Francisco, Mary Daly, afirmou considerar "realistas e razoáveis" projeções de mais dois aumentos dos juros.
No cenário doméstico, agentes aguardam a divulgação do IPCA de junho nesta terça-feira para calibrar as expectativas em torno dos próximos passos da política monetária. O relatório Focus mostrou leve queda da mediana para a inflação deste ano (4,98% para 4,95%) e estabilidade para 2024 (3,92%), 2025 (3,60%) e 2026 (3,50%).
Os investidores também se mantêm atentos à evolução da reforma tributária no Senado. O líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a tramitação da medida será mais fácil do que na Câmara, mas previu que os senadores do Norte, Nordeste e Centro-Oeste devem alterar o texto para incluir regimes especiais para fábricas de automóveis instaladas nas regiões.
A balança comercial brasileira teve superávit de US$ 2,934 bilhões na primeira semana de julho, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com aumento de 10,4% da média diária de exportações e queda de 15,8% da média diária de importações na comparação com igual período de 2022. No ano, o superávit acumulado é de US$ 47,998 bilhões.