O dólar opera em alta firme nesta quinta-feira, 30, acompanhando a valorização no exterior em manhã de aversão a risco e de disputa técnica no mercado de câmbio em torno da taxa Ptax referencial do fim de junho e do primeiro semestre, que será definida depois das 13h. A Ptax de hoje servirá nesta sexta-feira, 1º de julho, para ajustes de contratos cambiais, carteiras de ativos e balanços corporativos de fim de trimestre e semestre. No mês, a moeda americana acumula ganhos de 10%, mas em 2022 carrega perdas de 6%.
Os investidores ajustam posições em meio a avaliações do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e queda dos retornos dos Treasuries com busca de proteção por temores de recessão nos EUA com o aperto monetário mais agressivo do Federal Reserve para combater a escalada da inflação americana. Ontem o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que o processo de alta de juros provavelmente envolverá "alguma dor" do ponto de vista econômico.
No Brasil, o recuo maior que o esperado da taxa de desemprego no trimestre móvel até maio no País fica em segundo plano. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 9,8% no trimestre encerrado em maio, de acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou menor do que a mediana de 10,2% das estimativas na pesquisa <i>Projeções Broadcast</i> e do que o piso (9,9%). O teto era de 10,6%.Em igual período de 2021, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 14,7%. No trimestre encerrado em abril de 2022, a taxa de desocupação estava em 10,5%.
Mas a renda média real do trabalhador foi de R$ 2.613 no trimestre encerrado em maio, mostrando queda de 7,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 249,849 bilhões no trimestre até maio, alta de 3,0% ante igual período do ano anterior.
No RTI, o Banco Central afirma que a taxa de juros real atinge 5,4% no fim 2023 e 4,4% no fim de 2024, acima da neutra de 4%. Na quinta-feira passada (23), o diretor de Política Econômica da autarquia, Diogo Guillen, informou que a estimativa passou de 3,5% para 4,0%, a segunda revisão em um período de seis meses. O documento também ressalta a elevada incerteza na evolução do preço do petróleo e reconhece que a "alta de juros em desenvolvidos e desaceleração da China podem levar a PIB global menor".
O risco fiscal interno segue no radar também. O governo federal prorrogou a vigência do "Luz Para Todos" até 31 de dezembro de 2026 e do "Mais Luz para a Amazônia" até 31 de dezembro de 2030 por meio de decreto presidencial publicado no <i>Diário Oficial da União (DOU)</i> desta quinta-feira. Antes, os dois programas de universalização do acesso e uso de energia elétrica se encerrariam neste ano de 2022.
Os investidores estão na expectativa se o Senado realizará a votação em dois turnos da PEC dos Combustíveis hoje. Para isso, os parlamentares terão de aprovar a chamada "quebra de interstício". O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sugeriu nesta quarta-feira, 29, que a Câmara poderia acelerar a tramitação da PEC ao juntar o texto da matéria a outra PEC cuja análise já esteja avançada nas comissões, mas que a decisão depende do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Essa votação corre risco de ser adiada mais uma vez após o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) entrar com uma representação pedindo a suspensão do programa que o governo federal pretende criar para oferecer uma bolsa-caminhoneiro, com o repasse mensal de R$ 1 mil até dezembro.
O subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, autor do pedido, defende que o governo Bolsonaro seja impedido de criar o programa até que o TCU se defina sobre o assunto. A requisição se baseia em reportagem publicada pelo <b>Estadão/Broadcast</b> mostrando que o governo não possui, neste momento, nenhuma base de dados consolidada para definir que caminhoneiro, afinal, poderia receber as mensalidades.
Às 9h36 desta quinta, o dólar à vista subia 0,71%, a R$ 5,230. O dólar para agosto, mais negociado a partir de hoje, ganhava 0,86%, a R$ 5,2735.