O dólar abriu esta quarta-feira, 14, com viés de baixa acompanhando a tendência no exterior ante pares principais, mas passou rápido a operar em alta por cautela política e fiscal interna. Os operadores ajustam posições defensivas estimulados também pela valorização leve do dólar frente a maioria das divisas emergentes e ligadas a commodities com dúvidas sobre o crescimento chinês em meio ao relaxamento de restrições contra a covid-19 e aumento de infecções pelo vírus no país.
Os investidores locais reforçam a demanda por proteção, reagindo negativamente à aprovação "a jato" na noite de terça-feira de mudanças na Lei das Estatais pela Câmara, reduzindo de 36 meses para 30 dias o prazo de quarentena para quem participou de campanha eleitoral assumir cargo público.
Essa alteração, que deve ser apreciada ainda pelo Senado, abre caminho para políticos assumirem o comando de estatais. O foco fica sobre a presidência da Petrobras, para o qual o nome mais cotado é o do senador Jean Paul Prates (PT).
O mercado já reagiu mal na terça à indicação do ex-ministro Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES no futuro governo Lula. O temor dos investidores é de retomada das chamadas medidas "parafiscais" adotadas pelo banco durante a gestão Dilma. Entre essas medidas, o crédito a taxas abaixo do custo de capital e mudanças na Taxa de Longo Prazo (TLP), que o Banco Central admite ter ajudado a aumentar a potência da política monetária nos últimos anos. Mercadante também se beneficiou com a mudança aplicada na Lei das Estatais.
A indicação do economista Bernard Appy para a secretaria especial para a reforma tributária está sendo absorvida também, mas operadores ressaltam as chances de o governo eleito propor aumento de impostos sobre lucros, dividendos, grandes fortunas e herança, o que preocupa os investidores.
A valorização do dólar só não é maior frente o real pela pressão derivada do exterior. Lá fora, o foco está na decisão de juros do Federal Reserve, que será anunciada às 16h. O dólar volta a recuar ante pares rivais em meio a apostas bem consolidadas em um ritmo menor de aumento de juros a ser anunciado nesta quarta-feira, de 50 pontos-base, para a faixa de 4,50% a 4,75%, após a desaceleração da inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em novembro pelo segundo mês consecutivo. Há grande expectativa também pelos sinais que serão dados pelo presidente do Fed, Jerome Powell, bem como em relação à atualização de projeções econômicas pela instituição em sua última reunião do ano.
Mais cedo, foi monitorado ainda o IBC-BR, mas o dado fica em segundo plano. O indicador mostra que a economia brasileira iniciou o quarto trimestre de 2022 em queda de 0,05% em outubro, considerando a série livre de efeitos sazonais. Em setembro, o resultado ficou estável (dado revisado hoje), após recuo de 1,13% em agosto. De setembro para outubro, o índice de atividade calculado pelo BC passou de 144,57 pontos para 144,50 pontos na série dessazonalizada. Olhando para trás, esse patamar é o menor desde junho, quando o indicador atingiu 143,47 pontos. Em 12 meses, o IBC-BR subiu 3,13% até outubro, sem ajuste. Já no acumulado do ano até o décimo mês, o resultado é positivo em 3,41%. O IBC-BR de setembro ante agosto foi revisado de +0,05% para zero.
Às 9h21 desta quarta-feira, o dólar à vista subia 0,86%, aos R$ 5,3615. A máxima ficou em R$ 5,3725 (+1,08%) e a mínima, na abertura, aos R$ 5,3115 (-0,07%). O dólar para janeiro de 2023 ganhava 1,18%, aos R$ 5,3765.