Estadão

Dólar sobe por cautela fiscal após ata hawkish do Copom

O dólar sobe em meio aos ajustes de alta dos juros futuros, após o tom considerado mais duro ("hawkish") sobre inflação e risco fiscal contidos na ata do Copom em relação ao comunicado da reunião da semana passada, de acordo com alguns economistas ouvidos pelo <i>Broadcast</i> mais cedo. O mercado de câmbio precifica ainda cautela fiscal e a valorização da moeda americana no exterior durante o feriado local, ontem.

Na ata, o comitê do Banco Central reafirmou a intenção de promover novo aumento da Selic em dezembro. Após a elevação de 150 pontos-base semana passada, para 7,75% ao ano, o BC "antevê outro ajuste da mesma magnitude". O comitê afirma que "o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance ainda mais no território contracionista". Ao mesmo tempo, a autoridade monetária deixou a porta aberta para um aumento até maior.

O comitê considera uma assimetria maior no balanço de riscos do que o anteriormente, causada pelos "questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal", em referência às manobras propostas no teto de gastos para aumentar os gastos em 2022, ano eleitoral.

No radar estão a possibilidade de o governo prorrogar o auxílio emergencial via medida provisória, conforme fontes disseram ao <i>Broadcast</i> na segunda-feira, e as negociações na Câmara para votar a PEC dos Precatórios nesta quarta-feira.

Durante o feriado local, as negociações políticas se intensificaram em busca de um acordo com a oposição para viabilizar a votação da PEC dos Precatórios, que abre R$ 91,6 bilhões no Orçamento de 2022, dos quais R$ 83,6 bilhões "livres" para serem destinados à ampliação do programa social e outras demandas, como o auxílio diesel a caminhoneiros e emendas parlamentares.

Segundo apurou o <i>Broadcast</i> com três fontes do Congresso envolvidas nas discussões, está na mesa uma proposta de acordo para fatiar o pagamento das dívidas judiciais da União com Estados decorrentes do Fundef, fundo para a educação básica que vigorou até 2006. A dívida responde por cerca de R$ 16 bilhões dos R$ 89 bilhões em precatórios inscritos para o ano que vem.

Um viés de baixa da moeda americana que predomina no exterior ante pares principais nesta manhã limitou mais cedo a alta frente o real. O dólar está misto frente divisas emergentes, mas exibia viés de alta ante o peso mexicano, em meio aos sinais mistos dos índices futuros de Nova York e dos juros dos Treasuries.

Os investidores internacionais estão à espera do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que deve fazer hoje o anúncio oficial do "tapering", o processo de redução gradual das compras ativos. A maioria dos analistas aposta em uma redução mensal US$ 10 bilhões nas compras de Treasuries, e de US$ 5 bilhões por mês nas compras de títulos lastreados em hipotecas. Com isso, o processo terminaria em meados de 2022. petróleo tem forte recuo, e ajuda a apoiar um dólar mais fraco lá fora.

Nos EUA, o setor privado criou 571 mil empregos em outubro, segundo pesquisa com ajustes sazonais divulgada nesta quarta-feira pela ADP. O número veio bem acima da expectativa de analistas consultados pelo <i>Wall Street Journal</i>, que previam geração de 395 mil postos de trabalho no último mês. Por outro lado, a ADP revisou para baixo sua estimativa de criação de empregos em setembro, de 568 mil para 523 mil. A pesquisa da ADP é considerada uma prévia do relatório de emprego ("payroll") dos EUA, que inclui dados do setor público e será divulgado na sexta-feira (5).

Por volta das 9h25 desta quarta-feira, o dólar à vista renovava máxima a R$ 5,6885. O dólar para dezembro passava a subir com máxima a R$ 5,7170.

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