O dólar à vista avançou 0,04% em relação ao real nesta terça-feira, 18, a R$ 4,8088, puxado pelo leve fortalecimento global da moeda americana. O cenário externo guiou o mercado de câmbio doméstico, enquanto agentes calibravam as expectativas para os próximos passos de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) após dados mistos sobre a economia dos Estados Unidos.
Aqui, a moeda ficou instável durante a maior parte do dia, e oscilou pouco mais de três centavos entre a mínima, de R$ 4,7956 (-0,24%), e a máxima, de R$ 4,8273 (+0,42%). O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de pares fortes, avançou 0,10%, a 99,946 pontos, e, na máxima intradia, chegou a retomar a marca psicológica de 100 pontos.
Às 17h21, o contrato de dólar futuro para agosto avançava 0,10%, cotado em R$ 4,8245, com giro financeiro de US$ 11,5 bilhões.
Dados da economia americana divulgados durante a manhã sinalizaram arrefecimento. As vendas do varejo dos EUA avançaram 0,2% em junho ante maio – menos do que o consenso de analistas consultados pela FactSet (0,6%) -, enquanto a produção industrial recuou 0,5% no período, contra uma expectativa de estabilidade (0,0%). Já o índice de confiança das construtoras avançou 1 ponto no mês, a 56, na sétima alta seguida.
"Hoje, o driver foi mais de política econômica global e questões inflacionárias, e o resultado que tivemos recentemente sobre a economia chinesa", afirma o diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha. No domingo, 16, o Escritório Nacional de Estatísticas da China divulgou que o PIB do país cresceu 6,3% no segundo trimestre de 2023 ante igual período de 2022, abaixo do esperado.
Após os dados fracos, o gigante asiático anunciou nesta terça-feira um conjunto de 11 medidas para impulsionar o consumo de bens e serviços, o que ajudou a sustentar altas dos preços do petróleo durante a sessão, entre 1,43% (Brent) e 2,13% (WTI). Mesmo assim, o dólar acabou anotando ganhos contra as principais divisas de exportadores de commodities, como o dólar australiano (+0,07%) e o neozelandês (+0,76%).
O chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, afirma que a moeda americana tem oscilado em margem estreita nos últimos quatro dias, sem um fator que canalize movimentos. Em meio à agenda doméstica esvaziada devido ao recesso parlamentar e ao período de férias no Hemisfério Norte, a tendência é que o mercado continue observando dados dos EUA, em busca de pistas sobre os próximos passos do Fed, afirma.
"O Fed vai ser o principal driver, e esses dados sobre a economia americana devem dar uma mexida no mercado", diz o especialista. "Como o dólar chegou testar em junho aquele nível de R$ 4,75, mas não conseguiu passar, acho que, neste momento, ele pode oscilar entre R$ 4,75 e R$ 4,90", completa.