A influência externa predominou novamente no mercado local de câmbio e o dólar operou em queda ante o real em todo o pregão desta quinta-feira, 20. Após subir forte ontem com a divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve, apontando para o começo do debate sobre reduzir as compras mensais de ativos, a moeda americana voltou a cair hoje mundialmente, retornando para as mínimas desde fevereiro ante divisas fortes, como o euro. Investidores internacionais comentam que a quinta-feira foi dia de corrigir excessos de ontem. Os juros longos americanos cederam e houve uma melhora geral dos ativos de risco, incluindo as moedas de emergentes e os criptoativos, que haviam desabado ontem.
No noticiário doméstico, operadores destacam que ajudou a retirar pressão do câmbio a aprovação da Medida Provisória (MP) da privatização da Eletrobras. Os números surpreendentes da arrecadação de abril, com o mês batendo recorde histórico e apontando para atividade mais aquecida, também foram bem recebidos. Já a CPI da covid ficou no radar das mesas, em novo dia do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas não afetou os preços do dólar hoje.
Após começar o dia novamente na casa dos R$ 5,30, o dólar fechou a quinta-feira em baixa de 0,73%, a R$ 5,2771, perto das mínimas do dia. No mercado futuro, o dólar para junho cedia 0,49% às 17h40, cotado em R$ 5,2890.
Há um ambiente no Brasil neste momento para "otimismo cauteloso", avalia o analista da consultoria inglesa TS Lombard, Wilson Ferrarezi. A atividade tem dado várias mostras de estar melhor do que inicialmente se esperava e os números hoje da arrecadação de abril reforçaram essa visão. "A perspectiva para as reformas melhorou", ressalta Ferrarezi em relatório, destacando que se estas medidas avançarem de fato neste ambiente de preços das commodities em alta, o Brasil pode entrar em um "ciclo virtuoso". Com isso, o real tende a se fortalecer.
"Achamos que a janela para a aprovação de algumas reformas é agora", ressalta Ferrarezi. Ele observa que o próprio Congresso está mostrando disposição em avançar com algumas medidas, incluindo a privatização da Eletrobras, aprovada ontem à noite na Câmara. A consultoria americana de risco político Eurasia vê chance de 65% de a MP avançar também no Senado.
No exterior, a ata do Fed ontem fez o dólar se recuperar das mínimas em três meses ante moedas como o euro e a libra e subir em todos os emergentes. "O Fed meramente pensando sobre quando considerar os planos de reduzir as compras de ativos foi uma sinalização sutil, mas notável, de mudança", avalia o analista de mercados sênior do Western Union, Joe Manimbo. Ele ressalta que em meio a recuperação hoje do apetite por risco, o dólar voltou a testar mínimas em meses ante moedas como euro e libra, refletindo também a queda dos juros longos dos EUA.