O dólar mostra viés de baixa ante o real na manhã desta quarta-feira, 21. O mercado de câmbio opera com oscilações estreitas e perto da estabilidade nos primeiros negócios, diante dos ajustes moderados da curva de Treasuries, que exibe viés negativo, e do índice DXY do dólar frente seis divisas rivais, que aponta ligeira alta em meio certa cautela antes da publicação da ata da reunião monetária do Federal reserve de janeiro (16h).
O mercado espera que o documento do BC americano reforce a chance de os cortes de juros começarem apenas em junho, num ritmo gradual. Tanto o índice de preços ao consumidor (CPI) quanto o de preços ao produtor (PPI) de janeiro vieram acima do previsto, apagando a possibilidade de o afrouxamento começar em março e reduzindo as chances para maio. O CME Group apontava mais cedo 93,5% de manutenção dos Fed Funds em março na faixa de 5,25% e 5,50%; 64,3% para manutenção em maio; 79,2% de chance de cortes em junho.
O investidor está de olho no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele disse nesta quarta que faltam elementos para a autoridade monetária entender a velocidade do último estágio do processo de desinflação de serviços, a chamada "última milha". "Não temos componentes para entender se a última milha da desinflação de serviços vai se dar de forma linear ou com momentos de convergência mais lenta", comentou Campos Neto durante participação no café da manhã da Frente Parlamentar da Economia Verde, em Brasília.
O presidente do BC pontuou que a inflação de serviços, embora em processo de convergência, vem rodando no Brasil um pouco acima da meta, com os últimos índices marginalmente piores. Conforme Campos Neto, o grande debate hoje é sobre quais fatores e riscos serão observados no processo de desinflação daqui para frente. Se o processo for revertido, alertou, o mundo terá que conviver com juros mais altos por mais tempo. Os preços de energia e alimentos, que vinham contribuindo para a desinflação global, já não caem na mesma velocidade, afirmou. Ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, o processo como um todo é desinflacionário, porém os últimos índices surpreenderam com leituras de inflação acima da esperada.
A moeda americana também cede um pouco em relação a várias divisas emergentes no exterior, que se beneficiam de novos recursos anunciados pelo governo de Pequim para o combalido setor imobiliário chinês. O Ministério de Habitação chinês aprovou 160 bilhões de yuans (US$ 22,25 bilhões) em empréstimos para projetos imobiliários, segundo a chefe de pesquisa do Maybank, Sonija Li.
Em contrapartida, a queda de commodities atrapalha o alívio no câmbio. O contrato mais negociado do minério de ferro para maio no mercado futuro da Dalian, na China, caiu 3,98% nesta quarta-feira. O preço do petróleo recuava perto de 0,30% por volta das 9h44.
Do lado interno, o mercado ficará de olho nas conversas em torno da reoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúnem para tratar do assunto. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse na terça-feira que o governo está aberto a negociar. A reoneração é parte do plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para aumentar a arrecadação do governo e colocar as contas públicas em dia.
Às 9h44, o dólar à vista caía 0,06%, aos R$ 4,9285. O ajuste estende perdas registradas nas últimas quatro sessões. O dólar futuro para março tinha viés de alta de 0,05%, a R$ 4,9310.