O dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 11, em baixa de 0,34%, cotado a R$ 4,8752, tendo tocado o nível de R$ 4,85 na mínima do dia (R$ 4,8593). Segundo operadores, a alta do petróleo e ingressos de recursos externos praticamente isolaram o real da volatilidade observada no mercado global de moedas, na esteira da leitura um pouco acima do esperado da inflação ao consumidor nos EUA em dezembro.
Mesmo em momentos de fortalecimento da moeda americana no exterior em relação a pares, como o euro, e à maioria das divisas emergentes, sobretudo pela manhã, o real mostrou força. Afora altas pontuais e muito restritas na abertura dos negócios e no início da tarde, quando tocou a casa de R$ 4,89, o dólar operou em baixa por aqui ao longo do dia.
Lá fora, o índice DXY subiu pela maior parte do pregão e ensaiou se aproximar dos 103,000 pontos, com máxima aos 102,764 pontos. No fim da tarde, contudo, o Dollar Index perdeu fôlego e passou a trabalhar em leve baixa, alinhado ao comportamento dos Treasuries. A moeda americana também recuava em relação aos emergentes, com perdas mais fortes (superiores a 0,60%) na comparação com dois pares latino-americanos do real, os pesos chileno e colombiano.
Indicador mais aguardado da semana, o índice de preços ao consumidor (CPI) subiu 0,3% em dezembro, levemente acima da expectativa (0,2%). O núcleo – que exclui itens mais voláteis como energia e alimentos – subiu 0,3%, em linha com o esperado. As leituras anuais do CPI em dezembro vieram acima das expectativas, de alta de 3,2% do índice cheio e de 3,8% do núcleo. Amanhã, sai o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) referente a dezembro.
A leitura do CPI não provocou mudanças significativas nas apostas em relação ao rumo da política monetária americana. Plataforma do CME Group mostra que as chances de um corte inicial de juros pelo Federal Reserve em março permanecem majoritárias, acima de 60%, embora bem abaixo do observado no fim de 2023, quanto chegaram a superar 80%.
Por aqui, o IBGE divulgou pela manhã que o IPCA acelerou de 0,28% em novembro para 0,56% em dezembro, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,49%. Houve aumento da difusão e uma leitura mais pressionada de serviços e subjacentes, atribuídas mais a questões sazonais que não alteram a aposta em continuidade do processo de desinflação.
Para o consultor econômico da Remessa Online, André Galhardo, o IPCA de dezembro trouxe algum desconforto e mostrou que os "os riscos inflacionários ainda não foram superados", mas não mudou "a percepção do mercado em relação à condução da política monetária" e aos cortes seguidos da taxa Selic.
"É um dado ambíguo e que pode acender um sinal de alerta. Por outro lado, tivemos o cumprimento da meta de inflação depois de dois anos de estouro (2021 e 2022)", afirma Galhardo, que projeta IPCA de 3,9% em 2024. "Com a taxa Selic entre 9,5% e 9,75% no fim do ano, ainda em campo restritivo, vamos ter uma taxa de juro real elevada que beneficia o câmbio. Meu cenário básico é de continuidade do processo de valorização do real e dólar em R$ 4,50".