Estadão

Dólar à vista cai 1,04% e fecha a R$ 4,9312 com "efeito China"

Em baixa desde a abertura dos negócios, o dólar à vista acentuou o ritmo de queda ao longo da tarde em meio a máximas do Ibovespa e, com mínima a R$ 4,9210, encerrou a sessão desta segunda-feira, 11, com perda de 1,04%, cotado a R$ 4,9312. O real se beneficiou da onda de apetite ao risco no exterior, despertada por melhora das expectativas em torno da economia chinesa, o que deu fôlego aos preços de commodities metálicas. As cotações futuras do minério de ferro subiram mais de 2%.

Após deflação de 0,3% em julho (na comparação anual), o índice de preços ao consumidor (CPI) na China subiu 0,1% em agosto, abaixo do esperado pelo mercado (0,2%), mas o suficiente para diminuir temores de uma desaceleração mais abrupta da atividade. Além disso, Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) informou que bancos ampliaram de forma relevante a concessão de empréstimos em agosto e declarou que vai agir para da suporte ao yuan, evitando comportamentos que "perturbem a ordem" do mercado cambial.

Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY trabalhou em baixa firme, operando no fim da tarde ao redor dos 104,500 pontos. Destaque para o fortalecimento do iene, após o presidente do Banco do Japão (BoJ) ter declarado que pode abandonar a política de juros negativos se houver confiança no avanço de preços e salários. Entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, real, peso mexicano e rand sul-africano experimentaram ganhos superiores a 1% em relação à moeda americana.

"Temos uma melhora de humor com a China, que tem insistido na ampliação de estímulos monetários e ao mercado financeiro para tentar recuperar o país e conter problemas no setor imobiliário. Mas há também a expectativa de que dados americanos desta semana venham melhores por trás desse desempenho dos ativos de risco hoje", afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, acrescentando que a agenda nos Estados Unidos é carregada nesta semana, com destaque para o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), na quarta-feira, e o índice de preços ao produto (PPI), na quinta.

Para Galhardo, caso a inflação nos EUA venha abaixo ou em linha com o esperado, reforçando as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) não vai mais subir os juros, pode haver ampliação do apetite ao risco lá fora e, por tabela, nova rodada de valorização dos ativos domésticos. Uma apreciação maior do real, contudo, esbarra ainda em dúvidas sobre cumprimento de metas fiscais domésticas. "Há muitos pontos pendentes, como a reforma tributária, e os projetos para ampliar as receitas do governo para zerar o déficit. Isso pode afastar o investidor estrangeiro", diz Galhardo, que vê o dólar oscilando entre uma banda de R$ 4,80 e R$ 5,00.

Por aqui, as atenções se voltam para a divulgação amanhã do IPCA de agosto, que pode mexer com as expectativas em torno do ritmo de ciclo de redução da taxa Selic, embora o Banco Central tenha sinalizado com cortes da magnitude de 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O Boletim Focus trouxe hoje ligeiro aumento das expectativas para o IPCA deste ano (de 4,92% para 4,93%) e de 2024 (de 3,88% para 3,89%).

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