Estadão

Dólar à vista fecha em alta de 0,92%, a R$ 5,0687 com pressão externa do Fed

Após testar níveis abaixo de R$ 5,00 nesta sexta-feira, o dólar cedeu à maior pressão vista no mercado externo e subiu frente ao real durante toda a tarde. Encerrou o dia no segmento à vista em alta de 0,92%, cotado a R$ 5,0687. Durante o dia, oscilou entre a mínima de R$ 4,9824 e a máxima de R$ 5,0842.

Segundo profissionais do mercado de câmbio, depois da última quarta-feira, com as decisões mais duras tomadas pelos bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil, o real enfrenta duas forças contrárias que acabam tirando da moeda local a liderança das maiores perdas se comparada a de pares emergentes.

Se por um lado, a perspectiva de antecipação de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) faz o dólar se valorizar no globo, por outro, a "porta aberta" deixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para um ajuste de 1 ponto porcentual na Selic atrai recursos ao país e ajuda ao real.

Assim, na semana o dólar se desvalorizou 1,05% e, no mês, 2,99%. "Por força do Copom, o comportamento do real está bom a despeito do contexto externo", ressalta Para Thomas Giubert, sócio da Golden Investimentos.

Para ele, a queda só não é maior, a despeito do exterior, porque o câmbio ainda carrega temores com relação à situação fiscal do país que tem sido mais refletido na curva de juros estressada pela persistência em elevação dos gastos do governo. "O mercado não vai pagar essa conta do governo. O novo prêmio de risco do Brasil é curva de juros, não mais o câmbio. A curva de juros é a nova proxy de risco-país", salienta.

"Cada vez que o Fed dá aos mercados financeiros esperança de alta, o dólar está pronto para subir. Quanto mais falatório vier do Fed, o momento de alta pode aumentar para o dólar. A curva do Tesouro se achatou e isso indica um possível erro de política do Fed", ressalta Edward Moya, analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York.

Nesta sexta mais cedo, a admissão do presidente da distrital de St. Louis do Fed, James Bullard de que a autoridade monetária deve começar a retirar os estímulos neste ano e elevar sua taxa básica de juros já em 2022 contrariou a projeção majoritária dos dirigentes da entidade, de elevação dupla somente em 2023, como mostrou o gráfico de pontos divulgado na quarta-feira passada.

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