O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira, 18, em queda moderada no mercado doméstico de câmbio, alinhado ao sinal predominante de baixa da moeda norte-americana no exterior, em semana marcada por decisão de política monetária aqui no Brasil e nos Estados Unidos, na chamada "super quarta", dia 20. Em pregão morno e de oscilação de pouco mais de três centavos entre a mínima (R$ 4,8418) e a máxima (R$ 4,8789), a divisa fechou a R$ 4,8561, recuo de 0,31%.
Foi o quarto pregão consecutivo de baixa do dólar à vista, período em que acumulou desvalorização de 1,95%.
A recuperação do real nas últimas sessões se deu em meio à melhora do quadro para commodities, na esteira de medidas do governo chinês para estimula à atividade econômica.
Antes da "super quarta", o Banco do Povo da China (PBoC) anuncia, na terça-feira, 19, à noite, a nova taxa de juros de referência de 1 e 5 anos. Embora não seja esperada alteração neste momento, há expectativa de que possa haver novos estímulos monetários à frente.
"A manutenção dos juros referenciais de empréstimos (LPR) amanhã <i>terça</i> pela China estaria bem precificada nos mercados, mas trabalhamos com um cenário, de menor probabilidade, de surpresa de alguma queda de 10 a 15 pontos", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, que vê a queda do dólar nesta segunda-feira como um movimento "pontual", embalado pelo exterior.
Na quarta-feira, é dado como certo que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) vai manter a taxa básica inalterada, na faixa entre 5,25% e, 5,50%, ao passo que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai anunciar nova redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao mês.
As atenções estarão voltadas para os sinais dos BCs sobre os próximos passos da política monetária. Especula-se que o Fed pode deixar a porta aberta para uma elevação residual da taxa básica americana neste ano. Por aqui, as especulações giram em torno da possibilidade de o BC acelerar o ritmo de corte da Selic nos próximos meses.
A economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, observa que as leituras de inflação ao consumidor e ao atacado em agosto nos EUA, divulgadas na semana passada, mostram "aberturas favoráveis", com os índices sendo puxados principalmente por preços de combustíveis.
"Isso dá espaço para manutenção da taxa e eleva a probabilidade de os juros ficarem estáveis nas próximas reuniões do Fed, já que a tendência de desaceleração da inflação segue preservada", afirma Damico.
Para Velho, da JF Trust, não é possível descartar novas pressões inflacionárias nos EUA, uma vez que o avanço dos preços dos combustíveis nos EUA, em razão da escalada das cotações internacionais do petróleo, pode contaminar a dinâmica de formação de preços.
Esse quadro mantém no radar apostas, embora minoritárias, de uma elevação de 25 pontos-base dos Fed Funds em novembro. Por aqui, Velho vê "probabilidade elevada" de aceleração do ritmo de corte da Selic de 0,50 ponto para 0,75 ponto porcentual em dezembro ou na primeira reunião do Copom em 2024, quando o BC já vai mirar o IPCA de 2025.
Na visão do analista de câmbio Elson Gusmão, da corretora Ourominas, o real continua bem posicionado mesmo com a perspectiva de redução progressiva Selic e eventual alta residual dos Fed Funds ainda neste ano, dado que a renda fixa brasileira continuará a oferecer remuneração expressiva aos investidores internacionais. "Continuaremos com uma das taxas mais atrativas do mundo. E isso vai continuar trazendo recursos para investimento e especulação de curto prazo, fazendo com que o dólar se mantenha na faixa entre R$ 4,80 e 4,95", afirma.