O dólar subiu no mercado de câmbio doméstico na sessão desta quinta-feira, 6, e voltou ao nível de R$ 5,20, acompanhando a onda de fortalecimento da moeda americana no exterior. Investidores adotam uma postura cautelosa em meio a falas duras de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e à expectativa pela divulgação na sexta-feira do relatório de emprego americano (payroll) de setembro, que pode levar a um rearranjo das expectativas para a magnitude do aperto monetário nos Estados Unidos.
Por aqui, o mercado digeriu sem maiores sobressaltos a divulgação de pesquisas de intenção de voto para o segundo turno da eleição presidencial, que trouxeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na liderança. Governadores como Ronaldo Caiado (Goiás) e Mauro Mendes (Mato Grosso) declararam, como esperado, apoio à reeleição de Jair Bolsonaro (PL), enquanto economistas responsáveis pelo Plano Real e ligados ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre eles o ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, declararam voto no petista. Em nota, Lula agradeceu o apoio dos economistas. A equipe econômica do petista e a futura âncora fiscal em eventual governo, contudo, ainda permanecem uma incógnita.
Afora uma queda momentânea e limitada pela manhã, atribuída por operadores a fluxo pontual de recursos externos, o dólar operou com sinal positivo ao longo de toda a sessão. Com oscilação de apenas cerca de quatro centavos entre a mínima (R$ 5,1765) e a máxima (R$ 5,2189), a moeda fechou cotada a R$ 5,2099, em alta de 0,50%. Apesar de ter subido na quarta-feira e nesta quinta, o dólar apresenta desvalorização de 3,42% na semana, graças à baixa de 4,09% na segunda-feira, 3, primeiro pregão após primeiro turno.
"O principal pano de fundo para o dólar subir hoje é externo com a expectativa pelo payroll amanhã e o tom duro do Fed, apesar dos temores de recessão", afirma Letícia Cosenza, especialista em renda fixa da Blue3, acrescentando que, no campo doméstico, o clima também é de cautela, após o mercado ter recebido bem o resultado das eleições, sobretudo a composição do Congresso.
Entre os indicadores do dia, destaque para os pedidos de auxílio desemprego nos EUA, que subiram 29 mil na semana encerrada no dia 1º de outubro, para 219 mil, acima do esperado por analistas (203 mil solicitações). Em tese, sinais de desaquecimento do mercado de trabalho abririam espaço para uma alta menos agressiva dos juros nos EUA
"Apesar de outro dado de mercado de trabalho favorável, a forte depreciação da moeda americana na semana e o fato de ser véspera da divulgação dos dados de geração de emprego nos EUA explicam a valorização do dólar", afirma o especialista em mercados internacionais do C6 Bank, Gabriel Cunha, ressaltando que o real tem tido um bom desempenho nos últimos dias e nesta quinta se deprecia menos que seus pares.