Betinho – A Esperança Equilibrista homenageia a memória do sociólogo Herbert de Souza (1035-1997). Quem viveu na época da ditadura lembra dele como personagem da música O Bêbado e a Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc. Era o “irmão do Henfil”, que voltaria do exílio com a Anistia. Voltou e engajou-se nas causas em que sempre acreditara. Se, ao longo do regime autoritário, fora um dos símbolos da resistência, de volta ao País empenhou-se em tenaz campanha contra a fome, identificada como mal maior de um país cheio de problemas.
Betinho tornou-se persona ecumênica com essa campanha. Magérrimo, portador do vírus HIV que, como hemofílico, contraíra em transfusões, adquiriu imagem de santo. Acima do bem e do mal.
O documentário recupera sua dimensão humana. Era homem de esquerda e, por isso, sofreu a perseguição do regime. Intelectual, fundou o Ibase, instituto destinado a pensar ações governamentais. Humano, errou algumas vezes, como quando confessa ter recebido dinheiro do jogo do bicho para a campanha contra a fome.
O documentário tem formato tradicional. Reconstrói o personagem com material de arquivo e entrevistas com parentes e amigos. Betinho é uma unanimidade do bem. Recebe elogios até mesmo de quem hoje se encontra em outra parte do espectro político a que pertencia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.