Variedades

Documentários retratam a emoção do esporte

A emoção de conquistas esportivas sempre rendeu imagens inesquecíveis. Mas o bastidor, o esforço acumulado pelos atletas até atingir o ápice de sua carreira também não pode ser esquecido – é essa a proposta do projeto Memória do Esporte Olímpico Brasileiro, que chega agora à sua quarta edição, totalizando 31 títulos produzidos, dos quais 29 curtas (cada um com 26 minutos) e dois médias (52 minutos).

A partir desta quarta-feira, 3, o canal ESPN começa a exibir os 11 vencedores, que ficarão no ar sempre às quartas-feiras, até o dia 31. Oportunidade para relembrar histórias como a do atleta do salto triplo João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, tema do documentário João do Voo – A História de Uma Medalha Roubada, de Sergio Miranda e Pedro Simão.

Cabo do exército, Oliveira surpreendeu o mundo ao conseguir a incrível marca de 17,89 m nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México, estabelecendo um recorde mundial no salto triplo que só foi batido quase dez anos depois. O tema do documentário de Miranda e Simão, no entanto, é a manobra que custou uma medalha olímpica ao brasileiro, nos Jogos de Moscou, em 1980, quando houve o boicote liderado pelos Estados Unidos.

Oliveira, que morreu em 1999, aos 45 anos, teve dois saltos anulados durante a disputa por fiscais soviéticos que, segundo comentários, tinham intenção de beneficiar o tricampeão olímpico Viktor Saneyev. Um dos saltos anulados, segundo analistas internacionais, poderia ser um novo recorde mundial, pois ultrapassava os 18 metros. Mesmo assim, o ouro ficou com outro soviético, Jaak Uudmae, ficando Saneyev em segundo e João Carlos Oliveira em terceiro.

Na época, o técnico letão de Uudmae, Harry Seinberg, chegou a confessar, em conversas informais, que as marcas de João haviam sido alteradas para favorecer os atletas da casa, mas nunca confirmou sua afirmação à Federação Internacional de Atletismo nem ao Comitê Olímpico Internacional. Apenas em 2000, 20 anos após os Jogos de Moscou, o jornal australiano The Sydney Morning Herald, o maior da Austrália, fez uma grande reportagem, demonstrando que os saltos anulados do brasileiro faziam parte de uma operação soviética para dar o tetracampeonato olímpico a Saneyev.

Outro documentário curioso a fazer parte dessa nova fornada é Bete do Peso, de Kiko Mollica, sobre a levantadora de peso Maria Elizabete Jorge que, na Olimpíada de Sydney, em 2000, conquistou a honrosa 10.ª colocação na categoria até 48 quilos. Sem condições ideais de treino – a mineira treinava com uma barra masculina, oxidada pelos 30 anos de uso, pois não tinha recursos para comprar o equipamento apropriado para as competidoras femininas -, ela sentiu a diferença ao chegar à cidade australiana, onde a falta de costume com o material adequado fez com que ficasse com as mãos feridas, limitando sua performance.

Foi a primeira olimpíada em que o Brasil disputou tal categoria e o resultado de Bete foi plenamente satisfatório. Os outros filmes do projeto são O Nadador – A História de Tetsuo Okamoto, de Rodrigo Grota, sobre o dono da primeira medalha olímpica brasileira; As Lutas de Adriana, de Alberto Ianuzzi, sobre a boxeadora Adriana Araújo; e 5 X Yane, de Renata Almeida Magalhães e Flora Diegues, sobre a pentatleta Yane Marques.

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