Em meio ao imbróglio para transformar em museu o antigo DOI-Codi, centro de tortura da ditadura militar (1964-1985) na capital paulista, o Núcleo de Preservação da Memória Política lança um documentário sobre o tombamento do endereço. O material está disponível no canal de YouTube da entidade.
O média-metragem O dia em que a Justiça entrou no DOI-Codi, dirigido por Camilo Tavares, foi gravado no mês passado, quando foi realizada a audiência de conciliação para garantir que o complexo se torne de fato um memorial sobre a repressão do regime militar. A sessão teve participação de representantes do governo de São Paulo, do Ministério Público do Estado, da Polícia Civil e de presos políticos que deram seus relatos sobre as sessões de tortura no endereço.
O complexo na rua Tutóia, Vila Mariana, onde hoje funciona a 36.ª Delegacia de Polícia, foi tombado em 2014 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, mas até hoje o espaço não foi convertido em um lugar de memória. Em junho, o Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação civil pública contra o governo João Doria (PSDB) exigindo a reforma do espaço e a transferência da gestão da Secretaria de Segurança Pública para a Secretaria de Cultura.
Além do diretor, participam do lançamento do filme Marcelo Mattos Araujo, museólogo, ex-Secretário de Cultura de São Paulo e atual diretor do Instituto Moreira Sales (IMS); Eugenia Gonzaga, procuradora regional da República; Paulo Vannuchi, ex-ministro de Direitos Humanos, representando a Comissão Arns; Rogério Sottili, ex-secretário Municipal de Direitos Humanos e diretor do Instituto Vladimir Herzog; e Ariel de Castro Alves, advogado e presidente do Grupo Tortura Nunca Mais.
"A Delegacia Geral de Polícia informa que, conforme acordado durante a audiência realizada em 9 de setembro, um projeto para a utilização da área será apresentado dentro do prazo legal previsto."