O noticiário político-policial do dia, após o lançamento da 27ª fase da Operação Lava Jato, favoreceu nesta sexta-feira, 1, o recuo do dólar. A avaliação dos investidores foi de que as investigações podem prejudicar ainda mais a situação da presidente Dilma Rousseff, em sua luta contra o impeachment.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,90%, aos R$ 3,5590, neste primeiro dia útil de abril. Na semana, a moeda acumulou baixa de 3,31%. No mercado futuro, cujas operações são encerradas apenas às 18 horas, o dólar para maio tinha baixa de 0,91% no fim da tarde, aos R$ 3,5885.
Pela manhã, o dólar até chegou a subir ante o real em alguns momentos. A maior cotação do dia, de R$ 3,6209 (+0,82%), foi registrada às 10h41. Depois disso, a nova fase da Lava Jato passou a pesar mais sobre a moeda. Chamada de Carbono 14, a operação de hoje busca esclarecer um esquema de lavagem de cerca de R$ 6 milhões “provenientes do crime de gestão fraudulenta do Banco Schahin, cujo prejuízo foi posteriormente suportado pela Petrobras”, conforme registrou nota da força-tarefa da Lava Jato.
Segundo a Procuradoria da República, durante as investigações da Lava Jato, constatou-se que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contraiu um empréstimo fraudulento junto ao Banco Schahin em outubro de 2004 no montante de R$ 12 milhões. Do valor total emprestado a Bumlai, pelo menos R$ 6 milhões tiveram como destino o empresário do município de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto. Os investigadores querem saber por que Ronan recebeu o dinheiro. E a procuradoria admitiu que também são objeto de investigação os fatos que envolvem o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), em 2002.
Para parte do mercado financeiro, este noticiário é negativo para o PT, para o ex-presidente Lula e, em consequência, para a própria presidente Dilma Rousseff. Às 13h03, o dólar à vista chegou a marcar a mínima de R$ 3,5401 (-1,43%) sob influência dessas avaliações e também pelo reflexo de alguns stops (ordens de parada de perdas) de investidores no mercado futuro, depois que a moeda para maio atingiu os R$ 3,600. Posteriormente, houve certa desaceleração da baixa do dólar ante o real, mesmo porque a moeda americana subia ante outras divisas no exterior.