Depois de ter oscilado em alta por praticamente todo o dia, as cotações do dólar encerraram a sessão de negócios desta sexta-feira, 2, estáveis nos mercados à vista e futuro. As discussões em torno da política monetária dos Estados Unidos deram lugar às especulações em torno do anúncio de imposição de sobretaxa para a importação do aço e do alumínio, anunciada ontem pelo presidente Donald Trump a empresários do setor. A notícia da medida protecionista gerou diversas reações ao redor do mundo e alguma volatilidade nos mercados cambiais.
No final da manhã, a cotação do dólar à vista chegou a subir até 0,50% (R$ 3,2476), alinhada à tendência de fortalecimento do dólar ante moedas de países emergentes e exportadores de commodities. Mas o movimento acabou por perder fôlego à tarde, especialmente na última hora de negociação, quando a divisa chegou a marcar a mínima de R$ 3,2492 (-0,07%). Ao final dos negócios, a cotação ficou em R$ 3,2512, com baixa de 0,01% e US$ 1,4 bilhão em negócios. Na semana, o dólar à vista subiu 0,34%.
“Esse equilíbrio mostra que o mercado não está disposto a especular neste momento, porque há dúvidas quanto a uma trajetória de alta do dólar no exterior. Além disso, há fatores que inibem uma pressão maior, como a atração de recursos ao País e a presença do Banco Central, que pode atuar no mercado por meio das rolagens de contratos de swap”, disse José Carlos Amado, operador de câmbio da Spinelli Corretora.
Diversas entidades, nacionais e internacionais, se manifestaram sobre a decisão de Trump. O porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gerry Rice, disse em comunicado que “as restrições a importações pelo presidente dos Estados Unidos provavelmente causarão danos não apenas fora dos EUA mas também à própria economia americana, incluindo seus setores de indústria e construção”. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse, também em nota, que a decisão dos EUA é “injustificada, ilegal e prejudica o Brasil”.
No cenário doméstico, o destaque do dia ficou com o IPC-Fipe, que caiu 0,42% em fevereiro, ante alta de 0,46% em janeiro. O dado ficou dentro das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que iam de deflação de 0,46% a 0,15%, mas abaixo da mediana, de -0,30%. O dado favoreceu a queda das taxas de juros no mercado futuro, refletindo a intensificação das apostas em um novo corte de 0,25 ponto porcentual na taxa Selic.