O dólar aprofundou as perdas nesta tarde de quarta-feira, 26, após a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), que ressaltou em comunicado a fraqueza da inflação e o início “relativamente breve” da redução de seu balanço patrimonial. Diante disso, as chances de aumento dos juros nos EUA na reunião de setembro diminuíram. A divisa americana, que já vinha em queda desde o fim da manhã devido ao fortalecimento do petróleo, só não conseguiu ampliar mais as perdas por causa de questões internas, em meio a incertezas em torno de uma possível revisão da meta fiscal.
O Fed manteve hoje a taxa dos fed funds entre 1,00% e 1,25% e afirmou que iniciará a redução de sua carteira de ativos de aproximadamente US$ 4,5 trilhões “relativamente em breve”, com sinalização de que será em setembro. Embora os dirigentes da instituição já viessem falando em uma redução em breve, o mercado começou a fazer os ajustes depois do Fed.
Além disso, a autoridade ressaltou que a inflação continua a se enfraquecer. Logo após a decisão do Fed, as apostas de elevação de juros na reunião de setembro baixaram de 8,4% para 3,1%. Ou seja, 97% das apostas são de manutenção dos juros, de acordo com os contratos futuros do CME Group. Isso fez com que o dólar se enfraquecesse ao redor do globo, levando a moeda a atingir o patamar dos R$ 3,13, na mínima do dia.
O diretor da Wagner Investimentos, José Raimundo Faria Júnior, destacou que o comunicado do Fed se concentrou muito no futuro, deixando dúvidas sobre o que pretende fazer no curto prazo. “Além disso, a instituição disse que é provável que a taxa de juros permaneça, por algum tempo, abaixo dos níveis que deverão prevalecer no longo prazo”, afirmou.
O dólar se firmou em baixa no fim da manhã diante do fortalecimento do petróleo. O operador da corretora Multimoney Durval Corrêa pontuou ainda que a expectativa ao longo do dia de corte na Selic em 1 ponto porcentual na reunião do Copom de hoje contribuiu para a desvalorização da moeda americana.
No cenário interno, as incertezas em torno da possível alteração na meta fiscal limitou a queda do dólar, de acordo com Faria Júnior, da Wagner Investimentos. Segundo ele, a suspensão do aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis seguiu no radar dos investidores, com o mercado aguardando se o governo conseguiria reverter a liminar. No final da tarde, o desembargador Hilton José Gomes de Queiroz, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), derrubou a liminar.
No mercado à vista, o dólar terminou em baixa de 0,80%, aos R$ 3,1438. O giro financeiro somou US$ 2,19 bilhões. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1377 (-0,98%) e, na máxima, aos R$ 3,1772 (+0,25%). No mercado futuro, o dólar para agosto caiu 1,10%, aos R$ 3,1405. O volume financeiro movimentado somou US$ 15,23 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1390 (-1,14%) a R$ 3,1790 (+0,11%).