Depois de ter se aproximado mais um pouco do teto informal dos R$ 3,30, o dólar passou a atrair ordens de venda no período da tarde desta sexta-feira, 16, e firmou-se em queda moderada até o encerramento dos negócios. O dia foi de agenda escassa, mas as atenções dos investidores seguiram concentradas em pontos de cautela do cenário norte-americano, como as medidas protecionistas de Donald Trump e a reunião do Federal Reserve.
O dólar à vista terminou o dia cotado a R$ 3,2779, em baixa de 0,26% no dia, mas com alta de 0,80% no acumulado da semana. Logo no início da sessão, a cotação atingiu a máxima intraday de R$ 3,2999 (+0,41%), em linha com o fortalecimento do dólar no exterior. A mínima, de R$ 3,2728 (-0,42%) foi registrada por volta das 16h30, na contramão da tendência internacional, uma vez que a moeda ainda sustentava ganhos ante moedas de países emergentes e exportadores de petróleo.
“A chegada do dólar ao patamar próximo de R$ 3,30 acabou por atrair os agentes que estavam segurando ordens de venda. Então, houve um fluxo que contribuiu para a desaceleração do dólar”, disse Alessandro Faganello, operador da Advanced Corretora. “A cotação de R$ 3,30 é importante porque é o valor que o mercado trabalha nas projeções para o final do ano, embora seja muito cedo para estimar esse valor”, afirmou o profissional.
Outro fator que teria contribuído para a desaceleração à tarde foram as declarações da porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, sobre a decisão do governo dos Estados Unidos de sobretaxar o aço e o alumínio. Ela afirmou que o governo do presidente Donald Trump tem “certa flexibilidade” nas tarifas impostas à importação desses metais. Sanders informou que o diálogo com outros governos sobre quais países e produtos podem escapar das tarifas prosseguirá na próxima semana. “Continuaremos a negociar especificamente com os países”, afirmou a porta-voz. O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os EUA.
Para os próximos dias, pelo menos uma das incertezas deve ter algum desfecho, com a realização da reunião de política monetária do Federal Reserve. Mais que a decisão em si, os investidores buscam obter sinalizações do BC norte-americano sobre a intensidade do grau de aperto monetário. Dados mistos sobre a economia dos EUA dividiram analistas quando à realização de três ou quatro aumentos de juros nesta semana.
“A reunião do Fed deve ser o grande evento da próxima semana, uma vez que um corte na taxa Selic, na decisão do Copom, já é dado como certo. O mercado deve iniciar a semana que vem ansioso pelas novas sinalizações”, disse Glauber Romano, operador de câmbio da corretora Intercam.