Economia

Dólar cai 1,28% após Fed manter sinalização de gradualismo nos juros

O desfecho da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reforçou o movimento de desmontagem de posições compradas em dólar e a moeda americana ampliou o ritmo de queda ante o real no período da tarde desta quarta-feira, 21. A leitura de que o Banco Central dos Estados Unidos deverá manter o gradualismo em 2018 enfraqueceu a moeda americana, embora tenha deixado espaço para a cautela no que diz respeito a um maior endurecimento da política monetária americana nos anos subsequentes.

Ao final dos negócios, o dólar à vista teve queda de 1,28%, cotado a R$ 3,2661. Com isso, devolveu com folga as altas das duas sessões anteriores, geradas pelos temores de um Fed mais “hawkish” (duro). Os negócios no mercado à vista somaram US$ 1,168 bilhão. No mercado futuro, a divisa para liquidação em abril era cotada a R$ 3,2705 às 17h32, com perda de 1,31%.

O dólar já havia iniciado o dia em queda, devolvendo parte dos ganhos da véspera, quando havia atingido o maior valor do ano, acima dos R$ 3,30. A tendência foi mantida em linha com o cenário internacional, mas ganhou fôlego rápido e constantemente após a manifestação do Fed, renovando mínimas até os minutos finais de negociação.

O Comitê de Política Monetária (FOMC) elevou os juros dos Fed funds em 0,25 ponto porcentual, conforme o esperado. No comunicado pós reunião e na manifestação do presidente do Fed, Jerome Powell, analistas viram sinalização de que o crescimento econômico ainda é moderado, sem grandes riscos de inflação. Porém, no gráfico de pontos, viram divisão dos dirigentes e possibilidade de um Fed mais duro a partir de 2019.

“As sinalizações de Jerome Powell não foram ruins, uma vez que ele voltou a falar em gradualismo. Mas o que chamou a atenção foi o gráfico de pontos, que mostrou os dirigentes bastante divididos. Creio que a possibilidade de quatro altas de juros este ano ficou mais fácil agora”, disse José Faria Junior, diretor da Wagner Investimentos.

Para Faria Junior, o mercado vai continuar bastante focado em inflação e em seus indutores, como os dados dos salários dos trabalhadores americanos revelados pelo payroll. Falando especificamente sobre o real, o analista acredita que a tendência do dólar no médio prazo permanece sendo de baixa, ainda tendo o cenário externo como principal “driver”. Um reforço na trajetória de baixa pode ser o noticiário político. “Se os recursos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva forem negados, o dólar pode voltar bem, mas será algo pontual. O principal motor ainda é externo”, afirmou.

Para Roberto Serra, sócio e gestor da Absolute Invest, o dólar ante o real deve voltar a oscilar no intervalo entre R$ 3,20 e R$ 3,30. Isso porque a comunicação do Fed não chegou a surpreender, ficando “no meio do caminho” entre o tom suave e o mais rigoroso.

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