O dólar acumulou alta de 1,8% na semana, mas teve um pregão morno nesta sexta-feira, 4: fechou com leve alta de +0,03%, cotado a R$ 3,5246. Pela manhã, bateu a máxima de R$ 3,5490 (+0,72%) e, no início da tarde, foi até a mínima de R$ 3,5144 (- 0,26%). Mas a partir de então operou praticamente na estabilidade – apesar dessa falta de tendência, o giro dos negócios à vista foi relevante, alcançou US$ 1,2 bilhão. Às 17h15, o dólar para junho recuava 0,10% e estava em R$ 3,5350, com cerca de US$ 18,5 bilhões negociados.
A notícia mais esperada do dia, o payroll dos EUA, trouxe interpretações mistas. Houve criação de 164 mil vagas em abril, que marca o 91º mês seguido de criação de empregos no país, a série mais longa da história. O número veio abaixo do projetado por analistas, que esperavam 195 mil empregos, mas a taxa de desemprego ficou em 3,9%, o nível mais baixo desde dezembro de 2000. Números revisados mostraram que a economia americana gerou 135 mil postos de trabalho em março e 324 mil em fevereiro, resultando num ganho líquido de 30 mil no período. O salário médio por hora dos trabalhadores subiu 0,15% no mês passado ante março, ou US$ 0,04, para US$ 26,84 por hora, mas veio abaixo da previsão de acréscimo de 0,20%. Na comparação anual, o aumento foi de 2,6%.
Os operadores ora falavam que o dólar subia por conta dos dados mistos, ou pelo nonagésimo primeiro mês seguido de criação de empregos nos EUA; ora afirmavam que o dado de valor de horas pagas, abaixo do esperado, significaria menos pressão inflacionária e justificava a queda.
O Banco Central repetiu hoje leilão de contratos de swap no mesmo valor da operação da quinta-feira. De acordo com um gestor, diante do pequeno valor esperado para swaps excedentes ao vencimento de junho, o BC fez praticamente apenas uma intervenção verbal no mercado. “O dólar só não caiu mais porque não é claro o que o BC vai fazer”, afirmou o profissional, que avalia que se o BC tivesse feito uma intervenção mais forte a moeda poderia estancar mais.
O dólar encerrou a semana no novo patamar, de R$ 3,50. A avaliação da economista e sócia da Tendências, Alessandra Ribeiro, é que como boa parte do movimento do câmbio resulta do cenário externo, o BC não tem muito o que fazer. “Ele pode tentar suavizar um pouco o movimento, tentar colocar um pouco mais de swap se sentir demanda do setor privado, mas são coisas muito pontuais. Eu não vejo o BC intensificando esse movimento por causa da reprecificação dos ativos no mundo”, disse Alessandra, em entrevista ao Broadcast ao Vivo.