Economia

Dólar fecha em alta de 2,35% com cenário político no centro das atenções

O cenário político voltou a dar o tom dos negócios no mercado financeiro, levando os investidores a adotar uma postura de maior cautela nos negócios. Com isso, o dólar à vista terminou esta quarta-feira, 23, em alta de 2,35% frente ao real, cotado a R$ 3,6794.

A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki de tirar do juiz Sérgio Moro e devolver à Corte os processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um dos principais assuntos do dia. A vitória parcial de Lula na batalha jurídica em torno das investigações que o envolvem enfraqueceu as apostas no impeachment da presidente Dilma. Assim, o mercado partiu para correções em suas posições compradas em ativos brasileiros.

Também tiveram influência negativa as notícias relacionadas à Odebrecht. Horas depois do anúncio de adesão dos executivos da construtora à delação premiada foram reveladas listas com nomes de mais de 200 políticos, de 18 partidos, que teriam recebido doações do grupo. O mercado recebeu com cautela os dados da lista, devido à incerteza quanto à legalidade das contribuições. De todo modo, a ausência do nome de Michel Temer na lista gerou certo alívio, por não indicar inviabilização da substituição da presidente pelo vice. As delações da Odebrecht ainda não começaram.

Outro fator de pressão sobre o dólar foram os leilões de contratos de swap realizados pela manhã pelo Banco Central. O BC havia programado para hoje a oferta de até 20 mil contratos de swap cambial reverso (US$ 1 bilhão), em operação equivalente à compra de dólares no mercado futuro, e apenas 2.500 contratos de swap tradicional (US$ 121,3 milhões) para rolagem dos vencimentos de abril. Na prática, ele elevou os esforço para sustentar as cotações da moeda americana.

O cenário internacional não foi amigável ao risco, o que acabou por reforçar essa tendência. Os preços do petróleo tiveram fortes perdas nos mercados de Londres e Nova York e influenciou negativamente as bolsas norte-americanas. Com a maior aversão ao risco no mercado internacional, os juros dos Treasuries caíram, refletindo a maior procura por ativos seguros. Da mesma maneira, o dólar se fortaleceu frente às moedas de países emergentes e exportadores de petróleo.

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